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Sete dicas para não cair no golpe da pirâmide financeira

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Você sabe o que é uma pirâmide financeira? Talvez não reconheça o nome, mas é o velho golpe de atrair investidores com promessas de lucros irreais e usar as aplicações novas para pagar os resgates antigos. Assim, enquanto a base da pirâmide, formada pelos novos investidores, atraídos pelos antigos, vai crescendo, o esquema se aguenta. Até a hora que as pessoas deixam de aplicar e não há mais como pagar os resgates e toda a pirâmide desmorona.

Há inúmeros casos no Brasil e no exterior, desde as mais simples, como Telexfree, Alcateia, Boi Gordo, Avestruz Master, até as gigantes, como a de Bernard Madoff, nos EUA, que deu um prejuízo de mais de US$ 50 bilhões.

O que se sabe agora é que as pirâmides financeiras possuem diversas características em comum. Do discurso autoconfiante do fraudador às promessas de altos retornos em intervalos curtos, há vários indícios que podem servir de alerta aos investidores de que estão diante de uma fraude. É o que mostra o serviço Como Investir, do site da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais, Anbima .

Segundo a Anbima, o tema voltou à tona em 2019 quando dois esquemas financeiros fraudulentos deixaram milhares de investidores com enormes prejuízos. Em comum, traziam ofertas de rentabilidades sedutoras – superiores a 10% ao mês, acima do praticado no mercado –, promessas de “risco zero” e a exigência de depósitos em contas correntes pessoais.

Na essência, os dois esquemas funcionavam também por meio da indicação de novos membros, cujos aportes serviam para remunerar os investidores mais antigos, outra característica clássica de uma pirâmide financeira.

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Por dentro das pirâmides

Esse esquema fraudulento é estruturado em níveis, como em uma pirâmide – daí o nome. No topo da estrutura, está o fraudador, que inicialmente convida um grupo de investidores a aplicar dinheiro em um
fundo ou em outro tipo de instrumento financeiro, com a promessa de altos lucros. Os investidores novatos, automaticamente, passam a integrar o degrau inferior da pirâmide. Ao longo do tempo, novos investidores são convidados pelos participantes mais antigos,
passando a ocupar níveis imediatamente inferiores da pirâmide.

Remuneração atrelada a recrutamentos

A lógica da remuneração é simples: os investidores mais antigos são pagos com os recursos dos novos participantes – para ingressar no negócio, os novatos devem investir um valor pré-determinado. Nessa operação, não existe lucro real, apenas a utilização de dinheiro dos novos membros para pagar os membros mais antigos. Os retornos prometidos no início do investimento costumam ser entregues pelo fraudador como forma de mostrar que o investimento é sério e as promessas estão de fato sendo cumpridas.

Um esquema insustentável

As pirâmides têm prazo de validade e tendem a ruir em algum momento. A principal razão é que, cedo ou tarde, haverá dificuldade em incluir novos participantes na operação, impossibilitando a manutenção de seu ritmo de crescimento. Com a falta de novos investidores, as receitas diminuem e o fraudador não tem mais capacidade de remunerar os mais antigos. As pirâmides sempre terminam mal: quem não saiu a tempo arcará com enormes prejuízos.

7 dicas para farejar um esquema de pirâmide

1. O “Efeito Halo” – Não se deixe levar pela aparência! É comum que os fraudadores vendam uma imagem de investidores bem-sucedidos, milionários e com supostos métodos de sucesso financeiro comprovados. Essa tática é amplamente utilizada para recrutar novos membros – infelizmente, com relativo sucesso. É o que as finanças comportamentais chamam de “Efeito Halo”, onde a mente humana julga – e tira conclusões sobre outra pessoa – a partir de estereótipos.

2. O viés de especialização – Não acredite em qualquer pessoa que se diz especialista. Uma característica marcante que também aparece nos manuais de finanças comportamentais está ligada ao discurso dos fraudadores, que se “vendem” aos investidores como grandes especialistas. “O discurso é centrado na história de que eles ganharam muito dinheiro, que eles dominam as técnicas e que a riqueza não foi acumulada por acaso. Tenho esse conhecimento e sei como dividir isso com você”, exemplifica Aquiles Mosca, presidente do Comitê de Educação da Anbima.

3. Corra, é por tempo limitado  Tenha paciência, respire antes de investir. A mesma tática utilizada – legalmente – por comerciantes para aumentar as vendas no varejo é explorada pelos cérebros das pirâmides. Para atrair novos participantes, os fraudadores costumam vender a ideia de que aquele investimento é valioso, exclusivo e uma possibilidade única de conseguir altos retornos – e, portanto, uma oportunidade que não deve ser desperdiçada.

4. Traga a família e os amigos – Um dos principais sinais de que você pode estar diante de uma pirâmide é a recomendação para indicar novos membros. “Geralmente o investidor é avisado sobre a necessidade de convidar familiares e amigos logo no começo do esquema. Esse pedido é reforçado ao longo da vida útil da pirâmide”, diz Mosca.

5. Promessas, promessas – Não há segredo: em finanças, risco e retorno andam de mãos dadas. Assim, ligue o sinal de alerta para qualquer promessa de retornos elevados sem riscos – ou com riscos muito baixos – em um intervalo de tempo curto, além da garantia de fluxos constantes de rendimentos. São sinais evidentes de que você está diante de uma fraude.

6. Falta de registro de distribuição –  Na grande maioria dos casos, as pirâmides andam à margem do sistema financeiro ou do mercado de capitais. Isso quer dizer que não contam sequer com um instrumento financeiro legítimo e regularizado (um fundo de investimento, por exemplo) sendo comercializado. Nos casos mais recentes ocorridos no Brasil, os supostos instrumentos e seus participantes não tinham registro em órgãos como a CVM (Comissão de Valores Mobiliários).

7. Depósito em conta pessoal – Em um esquema descoberto no início deste ano, um assessor financeiro da BankRio, escritório de agentes autônomos vinculado à corretora XP, operava paralelamente oferecendo aos clientes rentabilidades elevadas por meio de uma empresa própria e fora da corretora. Os investidores transferiam o dinheiro para a conta da empresa do assessor – que não tinha registro na CVM – no lugar do depósito na sua própria conta na XP, como manda a lei. O exemplo mostra que o pedido de transferência de recursos diretamente para a conta corrente pessoal do “assessor”, ou para uma conta bancária de uma empresa sem registro de distribuição de investimentos, é outro forte indício de fraude. “É o equivalente a passar um cheque em branco para o fraudador”, diz Mosca

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