O crescimento econômico no setor de serviços do Brasil ganhou impulso em setembro, ajudado pela melhoria da demanda, informou hoje o instituto IHS Markit, com base no Índice de Gerentes de Compras (PMI na sigla em inglês). Segundo o levantamento, houve crescimentos mais fortes nos fluxos de pedidos, na atividade de negócios e no nível de empregos. Já a inflação de custo dos insumos se acelerou, ao mesmo tempo em que houve uma ligeira queda no grau de sentimento e um declínio adicional em novos pedidos para exportação.
O Índice de Atividade de Negócios do setor de serviços, sazonalmente ajustado, cresceu de 51,4 em agosto para 51,8 em setembro. A leitura indica uma taxa moderada de expansão que, apesar disso, ficou acima da média de longo prazo para a pesquisa, diz o Markit. Houve contratação de grandes projetos, uma demanda básica melhor e políticas econômicas favoráveis. Em setembro, a quantidade de entradas de novos trabalhos aumentou pela taxa mais rápida em seis meses.
Segundo os entrevistados, a recuperação nas vendas refletiu a expansão da base de clientes e o fortalecimento das condições de demanda. Como foi o caso para a atividade de negócios, o volume de novos pedidos aumentou em três dos cinco subsetores monitorados, com as exceções sendo o de Transporte e Armazenamento e o de Serviços Imobiliários e Empresariais.
Ao mesmo tempo em que o total de vendas aumentou, a quantidade de novos negócios do exterior continuou a se contrair. Contudo, a queda foi fracionária e a mais lenta no atual período de sete meses de declínio, segundo o Markit.
Emprego melhora
O valor agregado do número de empregos na economia brasileira de serviços cresceu ainda mais em setembro. Embora tenha sido moderado, o ritmo de criação de empregos foi o mais forte em mais de quatro anos e meio – um período em que foram observados aumentos em apenas quatro ocasiões.
O número de funcionários aumentou em três dos cinco subsetores monitorados, sendo liderados pelo de Finanças e Seguros. Foram observados declínios nos segmentos de Transporte e Armazenamento e de Serviços Imobiliários e Empresariais.
Dólar pesa nos custos
A expansão da capacidade permitiu que as empresas reduzissem o volume de negócios pendentes em setembro, com o número de pedidos em atraso caindo a um ritmo acentuado, semelhante ao observado em agosto.Já os custos de insumos continuaram a crescer, com os entrevistados citando a desvalorização do real, assim como preços mais altos por combustíveis, peças de automóveis, materiais de construção, alimentos e mão de obra como os principais fatores inflacionários.
A taxa de aumento de custos de insumos, no geral, alcançou um recorde de alta de quatro meses e ultrapassou a sua média de longo prazo. Numa análise por subsetor, o crescimento mais acentuado foi evidente mais uma vez no de Transporte e Armazenamento. Em resposta ao aumento dos preços dos insumos, os provedores brasileiros de serviços revisaram para cima os seus preços de venda. A taxa de inflação foi a mais alta desde março.
Analisando as expectativas para o futuro, as empresas de serviços indicaram que condições econômicas melhores, políticas públicas de apoio, investimentos maiores, marketing digital e novas tecnologias devem se converter num crescimento da produção nos próximos doze meses. O grau de otimismo se atenuou e atingiu um recorde de baixa de três meses, mas foi alto no contexto do histórico das séries, observa o Markit.
PMI Consolidado tem maior crescimento desde março
Depois de voltar a crescer em julho, a produção do setor privado consolidado, que reúne os resultados dos segmentos industrial e de serviços, se expandiu a taxas aceleradas nos dois meses seguintes. O aumento observado em setembro refletiu ganhos mais fortes tanto no setor industrial quanto no de serviços, diz o Markit. Ao crescer de 51,9 em agosto para 52,5 em setembro, o Índice Consolidado de dados de Produção destacou o aumento mais forte na atividade do setor privado desde março, com a recuperação superando a média de longo prazo para a pesquisa.
O fator principal de expansão da produção foi um aumento acelerado nos novos negócios. O crescimento nos setores industriais e de serviços se acelerou atingindo recordes de alta de dezoito e de seis meses, respectivamente.
Emprego privado tem maior crescimento em 4 anos e meio
Como resultado, a criação de empregos foi sustentada em ambas as categorias, com taxas de crescimento se acelerando em cada um dos casos. No setor privado como um todo, o nível de empregos se expandiu da maneira mais significativa em quatro anos e meio.
Ao mesmo tempo, o sentimento consolidado em relação aos negócios permaneceu elevado, apesar de ter atingido um recorde de baixa de três meses. Foram registradas revisões para baixo das projeções de crescimento dos setores industrial e de serviços. A inflação do custo de insumos na economia do setor privado ganhou impulso, resultando no aumento mais acentuado de preços de venda desde março. As taxas de inflação tanto para os custos de insumos quanto para os preços de venda foram mais altas na economia de serviços do que na industrial.
Os dados mais recentes do PMI trazem notícias bem-vindas de uma expansão mais forte na produção do setor privado em todo o Brasil, com uma aceleração generalizada nas taxas de crescimento dos setores industrial e de serviços, afirma Pollyanna de Lima, economista responsável pelo estudo. O clima de demanda relativamente melhor, aliado a custos de empréstimos mais baixos decorrentes de uma maior flexibilização da política monetária, deve impulsionar o consumo e o investimento no curto prazo, garantindo que a economia do Brasil permaneça num rumo de recuperação.
O mercado de trabalho se beneficiou da demanda robusta por mercadorias e por serviços, com setembro mostrando a recuperação mais rápida no nível de empregos do setor privado em quatro anos e meio. Os novos trabalhos foram provenientes do mercado interno, com os dados do PMI mostrando amplos declínios de exportações tanto para os produtores de mercadorias quanto para os provedores de serviços.
Condições externas desafiadoras, incluindo os problemas persistentes na Argentina, dificultaram as vendas internacionais consolidadas pelo décimo mês consecutivo, apesar da desvalorização do real, afirma a economista.
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