A Região Metropolitana de São Paulo amanheceu nesta terça-feira (15) com cerca de 250 mil imóveis afetados pelo apagão. O número de clientes continuava afetado pela falta de energia elétrica, como apontaram informações da Enel, a concessionária responsável pelo serviço.
Quatro dias após o temporal que atingiu o estado na última sexta-feira (11), moradores da capital paulista e de cidades vizinhas enfrentam transtornos, como falta de luz e água, além de outros problemas decorrentes da tempestade.
Entre os bairros mais afetados em São Paulo estão Jabaquara, Santo Amaro, Pedreira e Campo Limpo, todos na zona sul da cidade.
Em protesto contra a demora no restabelecimento da energia, moradores têm bloqueado ruas e realizado panelaços.
As cidades de Cotia, Taboão da Serra e São Bernardo do Campo também são afetadas pelo apagão em diversas áreas.
Mortes, sinais apagados e alunos sem aulas: as consequências do temporal se prolongam
Além das sete mortes, a tempestade derrubou árvores e afetou 150 escolas estaduais – 68 delas estão sem energia, de acordo com a Secretaria Estadual de Educação.
A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) informou que 48 semáforos seguem apagados na capital paulista, o que dificulta o trânsito em diversos pontos da cidade.
Ao todo, 386 quedas de árvores foram registradas até a segunda-feira (14), e 75 delas aguardam intervenção da Enel para serem removidas pelas equipes municipais.
Abastecimento de água comprometido
Além do apagão, a falta de energia também comprometeu o abastecimento de água em diversas regiões da Grande São Paulo.
Segundo a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp)(SBSP3), a operação foi retomada na maioria das áreas afetadas, mas ainda ocorre de forma gradual.
Regiões como Cidade Júlia e Parque do Lago, na zona sul da capital, Diadema e Embu das Artes ainda enfrentam dificuldades no fornecimento.
Em Mauá, a Sabesp (SBSP3) informou que o fornecimento de água foi restabelecido e está em fase de recuperação, mas ainda existe intermitência em bairros localizados, como Zaira, Vila Tavares, Jd. Cruzeiro e Pq. das Américas.
Enel pressionada
A Enel tem sido alvo de duras críticas pela lentidão na restauração dos serviços e com a prorrogação do apagão.
O ministro de Minas e Energia (MME), Alexandre Silveira (PSD-MG), deu um prazo até quinta-feira (17) para que a concessionária normalize o fornecimento de energia.
Segundo o ministro, falhas no planejamento e na comunicação da empresa geraram transtornos desnecessários à população.
Pressionada, a Enel informou que reforçou suas equipes com trabalhadores de outras concessionárias e de filiais internacionais, inclusive com unidades da Itália, Espanha, Chile e Argentina.
Ao todo, a força-tarefa conta com 2.900 profissionais em atuação pelo estado, além de mais de 200 caminhões e 500 geradores, destinados a serviços essenciais como hospitais.
Além das ações emergenciais, o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) determinou que a Controladoria-Geral da União (CGU) realize uma auditoria no processo de fiscalização da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) sobre a atuação da Enel.
O advogado-geral da União (AGU), Jorge Messias, também informou que o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) avalia processar a concessionária por danos morais coletivos.
Moradores se revoltam e protestam
Diante da demora na retomada do fornecimento de energia, com a continuidade do apagão, moradores da zona sul de São Paulo têm protestado em diversas regiões.
Na noite de segunda-feira (14), houve bloqueios de ruas e panelaços.
“Estamos no escuro há dias e ninguém nos dá uma previsão concreta de quando a luz vai voltar”, disse um morador do Jabaquara.
A situação de insegurança também preocupa.
Com semáforos desligados e ruas sem iluminação, as autoridades têm orientado os motoristas a redobrarem a atenção no trânsito e evitarem saídas desnecessárias durante a noite.
Equipes da CET estão mobilizadas nas ruas para auxiliar na segurança e na fluidez do trânsito, segundo a prefeitura.