Um investidor-anjo é aquele que faz uma participação em uma empresa que ainda está dando seus primeiros passos, ou seja, uma startup, e não assume, necessariamente, posição executiva na empresa. Ele usa seus conhecimentos e experiência para orientar os empreendedores nas melhores decisões possíveis sobre seu negócio e o futuro da empresa, participando das decisões e de seu desenvolvimento.
Uma descrição dessa é o sonho de muitos empreendedores. Isso porque esse investidor é uma peça importante para que a empresa possa trilhar um caminho mais suscetível ao sucesso. Decisões podem valer muito mais do que dinheiro investido – este último, porém, também é amplamente necessário.
“É o que chamamos de smart-capital. Os anjos podem aportar um conhecimento na área de desenvolvimento de produtos, em vendas, em finanças ou em estratégias de captação e assim por diante. Varia conforme a necessidade e o tipo de negócio. Quando o empreendedor não vê isso, não se organiza, muito valor é perdido na jornada”, explica Romulo Perini, sócio-diretor da Play Studio.
“Os anjos em geral são executivos com muita experiência que estão dispostos a 'emprestar' um pouco do seu conhecimento e ajudar os negócios onde investem. Cabem aos empreendedores buscar uma melhor forma de aproveitar tanto o investimento financeiro como também o intelectual".
Perini diz que é necessário que o empreendedor absorva as informações dos investidores e as organize. A sugestão dele é a implatanção de um modelo de governança direcionado tanto para baixo (equipe e fornecedores) quanto para cima (investidores e sócios que não estão mais na operação).
"Para baixo", segundo ele, é ter metas e indicadores claros devidamente disseminados dentro da equipe, e um método de governança para acompanhamento e report (relatar). "Para cima" é quando o CEO reporta os resultados aos investidores ou a eventuais sócios que não estão na operação, mas cobram informações.
“Nessa hora é importante criar rituais para disponibilizar dados aos investidores e captar o maior valor possível para discutir e superar os desafios do negócio”, diz Romulo.
O especialista diz cinco passos para aqueles que desejam aproveitar o conhecimento e a mentoria de seus investidores-anjo. Confira:
1 – Criação de um Conselho
Segundo Romulo, o empreendedor pode criar tanto um Conselho Consultivo quanto um Conselho Deliberativo.
O Consultivo, como o próprio nome explica, serve para consultar e considerar as opiniões dos investidores na hora de tomar decisões. Já o Deliberativo, permite ao investidor tomar decisões junto com o empreendedor. Este último pode ser necessário quando há, no grupo de investidores, anjos que colocaram uma fatia maior de dinheiro e querem estar mais próximos das decisões.
2- Criação de comitês
Não são todos os anjos que vão compor o conselho. O empreendedor coloca um, dois ou três no máximo. Como aproveitar os demais? Eles podem integrar comitês temporários, sugere Perini.
De acordo com ele, pode ser criado um comitê de marketing quando a empresa tem dificuldades de engajar os clientes atuais ou novos clientes. Ou então, um comitê de vendas ou financeiro ou mesmo para novas captações.
Existe a possibilidade, também, de trazer pessoas do mercado para integrar esses comitês, gente que não tenha envolvimento com a empresa, mas que deseja dar alguma contribuição. Desta forma, os anjos se engajam mais no negócio e tem a oportunidade de colaborar mais para o resultado positivo do business.
3 – Criação de rituais
O especialista pondera que é importante criar rituais com investidores para posicioná-los sobre os acontecimentos. Esses rituais são reuniões para apresentação de relatórios sobre os resultados da empresa. Essas reuniões podem ocorrer de forma mensal ou trimestral (o mais recomendado).
Isso é uma forma de estabelecer um padrão na prestação de contas e também um momento para reforçar o relacionamento com os parceiros.
4 – Adoção de governança
A governança corporativa não tem de ser permanente. É uma ferramenta de gestão que deve ser usada da melhor forma possível considerando o momento da startup. O modelo deve ser revisado conforme a empresa evolui, pois novas necessidades e desafios vão surgindo com o passar do tempo.
5 – Manter aceso o empreendedorismo
A governança não pode engessar o espírito empreendedor de testar, de se aventurar em coisas novas. Caso contrário a startup perde sua essência e começa a ser operada como se já fosse uma grande empresa, perdendo parte do seu diferencial. A governança é implantada para ajudar a dar passos mais certeiros, o que aumenta a confiança de quem acreditou e colocou dinheiro no negócio.7
*Com informações de Compliance Comunicação