Bancos Centrais

StockBeat: Mercados sobem com expectativa de resgate de bancos centrais

Por Geoffrey Smith

Investing.com – Os mercados de ações da Europa saltaram na terça-feira (2), em um alívio motivado pelas expectativas de uma política de estímulo coordenada para apoiar a economia global em face do surto de coronavírus, que continua a se espalhar rapidamente ao redor do mundo.

Às 7h25 (horário de Brasília), o índice Stoxx 600 estava em alta de 10,4 pontos, ou 2,8%, a 386,46, ainda em baixa de mais de 10% em relação à máxima histórica atingida há duas semanas.

Na Itália, país europeu mais afetado pela epidemia até então, o FTSE MIB se recuperava em 2,4%, enquanto o alemão DAX, sensível às negociações, subia 2,8%. O britânico FTSE 100 ficou para trás com alta de 2,3%, segurado por ganhos da libra em mercados de câmbio internacionais.

Os ganhos vieram de todos os setores, com alguns dos mais sobrevendidos sendo os que mais se recuperaram. As ações da Airlines Deutsche Lufthansa (DE:LHAG) e da IAG (LON:ICAG) subiram 8,4% e 7,4%, respectivamente, enquanto os papéis da fabricante de turbinas eólicas Vestas Wind Systems (CSE:VWS) ganharam 4,4% e os da mineradora Anglo American (LON:AAL), 4,2%. No entanto, ações defensivas também tiveram boa performance – os papéis da Nestle (SIX:NESN) tiveram alta de 3,4%, e os da cadeia de supermercados J Sainsbury (LON:SBRY), de 3,9%.

Entre as poucas empresas que divulgaram seus balanços na terça-feira, a fabricante dos produtos Nivea Beiersdorf (DE:BEIG) teve performance abaixo do esperado e declarou que é impossível prever o impacto do surto de Covid-19 em suas vendas anuais, enquanto a rede de restaurantes do Reino Unido Greggs PLC (LON:GRG) superou as expectativas após entregar resultados acima do esperado para o quarto trimestre e prometer outro ano forte por vir. As ações da Greggs subiram 4,7%.

O principal assunto do dia foi o agendamento de uma teleconferência às 9h entre os ministros de Finanças e os bancos centrais dos países industrializados do G7.

As expectativas eram altas de que a reunião poderia resultar no anúncio de medidas concretas e coordenadas para lidar com o impacto econômico do vírus. No entanto, uma matéria da Reuters disse que medidas do tipo não estavam presentes no rascunho de comunicado que foi preparado antes da conferência.

Aqueles que esperam resgates dos bancos centrais mundiais se animaram com os cortes nas taxas de juros durante a sessão asiática tanto na Austrália quanto na Malásia, enquanto outro artigo da Reuters disse que o Banco Central Europeu estaria trabalhando em uma nova operação de refinanciamento para garantir liquidez para pequenos e médios negócios atingidos pelo vírus.

Esse artigo vai de acordo com a declaração da presidente do banco Christine Lagarde na segunda-feira que prometia “medidas apropriadas e direcionadas”, mas contrasta com expectativas ambiciosas do mercado de um corte nas taxas de juros ou de compras adicionais de títulos. O banco está relutando em cortar mais as taxas de juros, com medo do impacto na lucratividade de bancos e, consequentemente, na estabilidade do sistema financeiro da zona do euro. Além disso, a opinião pública na Alemanha e em alguns outros países permanece oposta a afrouxamentos quantitativos mais agressivos.

Para alguns, no entanto, é cedo demais para considerar tudo resolvido.

Luc Filip, diretor de gerenciamento de portfólios discricionários do SYZ Private Banking, disse em comentários enviados por e-mail que os declínios da semana passada são “apenas uma primeira queda que pode sugerir que uma ainda maior está por vir. Nós achamos difícil de acreditar que a situação ficará melhor rapidamente, especialmente com a ameaça de quarentenas chegando à Europa e aos EUA.”

Filip demonstrou preocupações de que seria difícil estimar os danos à economia chinesa, particularmente. “Para investidores que querem reduzir a correlação do portfólio com a China, nós sugeriríamos sair dos industriais – especialmente ações relacionadas à indústria automotiva – , semicondutores e petróleo e se posicionar em saúde, tecnologia – excluindo os semicondutores – e produtos essenciais.”