Por Geoffrey Smith
Investing.com – As ações do Banco Santander (SA:SANB11) subiam 3,5% nesta quarta-feira na Europa, depois de mostrar que, apesar de todas as evidências em contrário, é possível ser um banco europeu e ainda assim ter um lucro decente.
O banco teve um ano excelente no Brasil e no México, com os novos governos populistas (de direita no primeiro e de esquerda no segundo). Também teve um bom ano nos EUA, onde seu negócio de financiamento ao consumidor lucrou com a força sustentada nos gastos pessoais.
À primeira vista, os números parecem ser uma justificativa retumbante da estratégia de diversificação regional do banco, que diz ser a melhor maneira de reduzir seu perfil de risco geral: o banco gerou uma quantidade recorde de capital por meio de lucros retidos, o suficiente para permitir outro aumento modesto do dividendo.
Ana Botin, presidente executiva do grupo, disse que o índice de ações ordinárias de nível 1 do banco – uma medida importante da força financeira – estará no topo de sua meta de 11% a 12% até o final do próximo ano.
Em casa, na Espanha, onde o crescimento está reconhecidamente diminuindo, o banco consolidou sua posição ao integrar o Banco Popular, enquanto suas ofertas digitais continuam a ganhar participação de mercado em silêncio na Holanda e na Alemanha.
Então, por que as ações do Santander (MC:SAN) são tão mal amadas? Uma relação preço-lucro de 9,7, de acordo com dados compilados pelo Investing.com, não está apenas abaixo do mercado mais amplo, mas abaixo da média dos bancos europeus, que já é um nível bastante baixo.
O mesmo desconto existe em uma relação preço/valor contábil: o mercado avalia os ativos do Santander (SA:SANB11) em 66 centavos de dólar no euro, menos do que o setor 88c – mesmo que o retorno sobre o patrimônio subjacente do banco esteja em belos (segundo os padrões regionais) 11,8%. Os dividendos também estão subindo, um sinal do que Botin chamou de confiança da administração em melhorias adicionais – o banco prevê um “alto crescimento de um dígito” no lucro implícito todos os anos até 2022.
Mas as ações do Santander caíram 35% nos últimos dois anos e ainda não estão significativamente acima da baixa de 2012, registrada no calor da crise de resgate na Espanha.
Um cético argumentaria que a dependência do México e do Brasil já está começando a parecer um passivo em potencial – os booms de crédito são uma característica comum nos primeiros anos dos governos, mas raramente terminam bem. Um cínico daria o mesmo argumento para seus negócios nos EUA, onde está entrando no ramo de empréstimos de carro no final de um ciclo que o senso comum diz estar em seu fôlego final.
Além disso, o desempenho fraco e sustentado de seus negócios no Reino Unido – onde os lucros caíram nos últimos três anos e onde foram atingidos 1,5 bilhão contra a boa vontade no ano passado – agora é um obstáculo aparentemente permanente aos retornos, que já está testando a paciência dos acionistas.
Após os números de hoje, é difícil negar que a diversificação regional está funcionando bem para o Santander. O problema é que é uma estratégia que nunca pode satisfazer todas as pessoas o tempo todo.