A história do Bitcoin (primeira criptomoeda lançada) surgiu em meados do ano de 2008. O ano não poderia ser mais emblemático uma vez que estávamos passando uma das maiores crises do mercado financeiro, com a falência de um dos bancos mais icônicos, o Lehman Brothers, em decorrência da crise dos subprimes (mas isso é assunto para um próximo artigo). Ledo engano a percepção do mercado financeiro que a crise estaria apenas em relação ao subprimes, as criptomoedas têm um potencial de fato nitroglicerínico de implodir o mercado financeiro.
Cheia de mistérios e controvérsias, paira sobre o próprio criador do Bitcoin, que se esconde sob o pseudônimo de Satoshi Nakamoto e até hoje nunca teve sua verdade identidade revelada. No início a moeda sofreu com o ceticismo, descrença, uma grande dose de risco – algo bem normal por se tratar de uma moeda virtual sem a intermediação de qualquer Estado – dúvidas que até hoje continuam circundando as criptomoedas.
A primeira transação real, utilizando o Bitcoin, ocorreu no estado da Flórida, nos Estados Unidos, no ano de 2010, onde o usuário utilizou para aquisição de uma pizza. Já no ano de 2011 um usuário da Austrália se valeu da utilização dos Bitcoins para a venda de um automóvel, foi também a primeira vez em que o valor da cripto teve uma paridade com o dólar, algo bastante emblemático e os meses em diante a apreciação da moeda foi algo verdadeiramente sem precedentes.
Com a assimilação pelos usuários no mundo todo e o crescimento de outras criptomoedas, foi criado um verdadeiro ecossistema de criptoativos, fazendo com que, em outubro de 2021, conforme reportagem publicada pelo website “olhar digital”, 1 Bitcoin estava sendo negociado por 66 mil reais, chegando a sua alta histórica.
De fato, as criptomoedas foram criadas com o objetivo de descentralizar as transações e, possibilitando que transferência de valores fossem realizadas sem a necessidade de interferência estatal. Contudo, assim como na fábula onde o pescador que se encantou mais com a rede do que com o peixe, esse mal também vem assolando os criptoativos. A frenesi da especulação envolvendo as criptomoedas, de fato ofuscam a real revolução de tal modalidade de transação, de modo que, o foco das criptomoedas está na especulação e na valorização ou não do seu ativo, quando o foco deveria ser outro.
A grande revolução das criptos está na possibilidade de criação de uma moeda em si (sua apreciação ou não são efeitos secundários que estão recebendo todos os holofotes). Empresas que transacionam grandes volumes de recursos, adquirindo ou vendendo bens, podem, por meio da criação de uma criptomoeda criar um oceano de oportunidades, facilitando as transações, criando um vínculo maior e fidelizando as contrapartes que estão envolvidas ao longo dos processos.
Além disso, pela sua própria característica, a cripto em si é um produto relativamente simples de ser criado, sem regulação, com baixo custo de emissão, e por se valer de uma tecnologia blockchain, que permite a criação de um ativo de solução aberta, e de forma muito segura.
Pode se observar que passada a euforia da especulação, muitas empresas estão começando a analisar com calma, percebendo esse outro valor das criptomoedas. Na esteira dessa afirmação, recentemente no último dia 18 de agosto de 2022, o mercado livre anunciou o “Mercado Coin”, que poderá ser transacionada no aplicativo do Mercado Pago, podendo ser utilizada como forma de cashback, quando seus usuários realizarem compras.
Gostando ou não, as criptomoedas são uma realidade, muito além das questões especulativas, possibilitando muitas formas das empresas se diferenciarem, potencializarem e multiplicarem seus negócios, mas como diz o ditado, tem vezes o que o mar está para peixe, mas o pescador passa o dia admirando sua rede.
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