“Nada é impossível para aquele que persiste”, assim disse Alexandre, o Grande, ao cruzar o Rio Tigre, na maior de suas batalhas (Batalha de Gaugamela), quando derrotou o império pérsia do rei Dario III. Alexandre recebeu essa honraria da história de ser conhecido como “o Grande” porque com apenas 33 anos formou um vasto império que compreendia do sudeste da Europa até a Índia.
Mas mesmo esse grande homem ousou errar.
Seu império foi formado de maneira rápida e transformadora, contudo, na mesma velocidade que foi formado, também sucumbiu e se desfez principalmente porque Alexandre não organizou e programou um sucessor, ou mesmo organizou como seu império deveria se comportar caso alguma tragédia acontecesse.
Entender os erros cometidos no passado auxilia a evitá-los num futuro. Quando estudamos a história do grande Alexandre e refletimos sobre os eventos e acontecimentos que nos cercam, em especial os reflexos que a pandemia global de Covid-19 e pelo fato de a doença estar atingindo de forma determinante os idosos, entendemos a necessidade de promover algumas mudanças.
O planejamento sucessório está vinculado a uma série de benefícios. Como o momento de sucessão já é traumático em si, esse tipo de planejamento evite o primeiro choque entre os sucessores. Além disso, evita desgastes ou conflitos entre os sucessores com relação à partilha dos bens, torna a sucessão em si mais clara e transparente, permite que os herdeiros participem da partilha e possam chegar a um entendimento, e faz a sucessão transcorrer de forma mais natural, evitando embates judiciais de vício de vontade, que podem perdurar por anos.
Ora, se o planejamento sucessório possui tantos benefícios, qual a razão para que a maior parte dos brasileiros não tomem providências nesse sentido? A resposta é muito correlata quando analisamos a postura do brasileiro médio com relação ao planejamento financeiro, puro desconhecimento.
Em uma pesquisa realizada em março de 2019, pela parceria entre Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CDL), Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e Banco Central, revelou que seis em cada dez brasileiros não se preparam ou tomam nenhuma medida em relação à aposentadoria.
Nos últimos anos ocorreu avanço significativo no processo de educação financeira como um todo, com o surgimento de uma série de corretoras de valores mobiliários, proporcionado ao consumidores maior oferta de produtos, redução dos custos de manutenção, uma melhor experiência e rentabilidade, fazendo com que, aos poucos, os brasileiros iniciem uma mudança da cultura de deixar o dinheiro na poupança.
É necessário que essa mudança financeira também seja acompanhada de um planejamento patrimonial jurídico. Afinal de contas, do que valem anos de dedicação e cuidado com suas finanças pessoais se quando há um evento de sucessão todos ficam desassistidos, envoltos em uma longa disputa judicial? Este é o caso, por exemplo, do trágico falecimento do apresentador Augusto Liberato (Gugu) e a verdadeira novela que virou a briga pela partilha de seus bens.
Não existe uma forma certa ou errada de se realizar o planejamento sucessório (seja por meio da criação de uma holding familiar, sociedades offshore ou uma mera partilha antecipada dos bens), contudo, é muito importante que todos entendam a necessidade dessa providência. Pois, apesar de se tratar de um assunto delicado, sensível, que muitas vezes afeta emoções intimas, não tomar nenhuma providência nesse sentido pode ser ainda mais devastador. Como contei no início deste artigo, a falta de planejamento levou impérios a ruína.