A Confederação Nacional da Indústria (CNI) considerou a redução de 0,5 pontos percentuais da Selic (juros básicos da economia) feita pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) “compreensível, mas insuficiente”. Para essa e outras entidades do setor, a redução é tímida e não impede a desaceleração econômica.
Em nota, a Confederação ressaltou que a taxa de juros real (acima da inflação) está em 8,5% ao ano, 4 pontos percentuais acima dos juros neutros, que não estimulam nem desestimulam a atividade econômica.
Na visão da CNI, a queda de juros não está na velocidade que a indústria precisa. “Na verdade, estamos em uma armadilha, porque a nossa Taxa Selic atingiu um patamar bastante desestimulante. Entendo que não é possível fazer uma queda abrupta, mas o Banco Central poderia ser um pouco mais desafiador e ter iniciado uma redução mais acelerada”, afirmou em nota o novo presidente da CNI, Ricardo Alban.
O reajuste na taxa foi anunciado na última quarta-feira, 1º de novembro.
A Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) também enxerga um cenário pouco estimulador para quem busca crédito e prestações. Segundo a Associação, a redução vai baratear pouco as modalidades.
Na avaliação da Anefac, o tomador de novos empréstimos sentirá pouco os efeitos do afrouxamento monetário, por causa da diferença muito grande entre a taxa básica e os juros efetivos de prazo mais longo.
O juro médio para as pessoas físicas passará de 123,71% para 122,71% ao ano. Para as pessoas jurídicas, a taxa média sairá de 59,98% para 59,24% ao ano. A Selic passou de 12,75% para 12,25% ao ano.
Assim como a Central Única dos Trabalhadores (CUT), outras centrais sindicais também consideraram insuficiente o corte de meio ponto nos juros básicos.
De acordo com a CUT, a Selic ainda está em nível alto, que atrapalha a recuperação econômica e ainda não é possível observar efeitos da queda da Taxa Selic sobre os juros cobrados pelos bancos.
Diferente disso, a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) considerou a decisão acertada, em função do cenário econômico atual.
A entidade avalia que os dados recentes evidenciam dinâmica mais favorável da inflação para o consumidor. “As projeções para a inflação, em 2024 e 2025, indicam estabilidade, permanecendo dentro da meta estabelecida. Além disso, os indicadores econômicos de curto prazo sustentam a perspectiva de desaceleração nos próximos trimestres”, comentou a Federação.
Apesar dessa análise positiva, a Firjan destacou que fatores externos trazem incertezas ao cenário atual, como a elevação das taxas de juros nos Estados Unidos e a guerra no Oriente Médio, que trouxe preocupações para o mercado de energia.
A entidade defende que mais do que nunca, é fundamental manter o compromisso firme com o equilíbrio fiscal e com as metas estabelecidas. “A solvência da dívida pública desempenha um papel crucial no amortecimento dos efeitos das incertezas que permeiam o cenário internacional. A credibilidade fiscal é um pilar essencial para preservar a percepção do risco país e favorecer a continuidade dos cortes de juros”, ressaltou a Firjan.