Por Agência EY – Este ano será marcado pela chegada do 5G ao Brasil. A nova tecnologia – que permitirá uma internet mais de dez vezes mais rápida e milhares de conexões e interatividades – vai mudar o cotidiano da população, dos serviços e das empresas.
O caminho, porém, é longo até chegar a esse estágio avançado, conforme explica José Ronaldo Rocha, sócio da EY e líder de consultoria para Tecnologia, Mídia & Entretenimento e Telecomunicações (TMT).
Em entrevista à Agência EY sobre as perspectivas para 2022 nas mais diversas áreas socioeconômicas, Rocha aponta as transformações que deverão ocorrer com o 5G.
Com a chegada do 5G, podemos dizer que 2022 deverá ser um ano marcante para o setor de tecnologia no país?
Sim, este ano será marcado pelo desenvolvimento tecnológico no país.
Com o início da implantação das novas redes 5G haverá grandes investimentos em infraestrutura de Telecom e no desenvolvimento de serviços e aplicações para diversos segmentos da economia.
Os lotes arrecadados no leilão somaram R$ 47,2 bilhões, em licenças e obrigações, e muito mais deverá ser investido nos anos seguintes no desenvolvimento das redes.
As novas possibilidades de serviços oriundas do 5G vão potencializar a sua aplicação em quase todos os setores da economia transformando a rotinas das pessoas.
O leilão do 5G foi realizado em novembro do ano passado. A partir de agora, quais os próximos passos para implantação da nova tecnologia?
Em resumo, os próximos passos são: limpeza de espectro, implantação, expansão das redes e desenvolvimento de novas aplicações que irão compor o novo ecossistema 5G.
A partir do leilão do 5G, as principais operadoras garantiram acesso a um recurso essencial para sua operação: o espectro radioelétrico.
Dessa maneira elas poderão implantar sites (locais onde os equipamentos 5G são instalados), reutilizar infraestrutura existente e até equipamentos da sua rede que permitam o upgrade para estes novos sistemas, utilizando a tecnologia 5G nas novas faixas adquiridas.
Assim, progressivamente, será possível expandir a cobertura 5G para novas cidades e regiões.
Os provedores regionais também iniciarão um processo de construção da rede para possibilitar que os serviços 5G sejam prestados o quanto antes.
Quais os maiores desafios para as empresas e para o poder público, em todas as esferas, na implementação do 5G?
Podemos citar 5 grandes desafios. O primeiro é a demanda por sites para realizar a cobertura 5G. A obtenção deste recurso é difícil, especialmente em grandes cidades muito densas, e a sua aprovação pelos órgãos públicos é ainda mais complicada.
Isso será especialmente desafiador para as novas operadoras que não dispõem de um conjunto de sites instalados.
Em segundo lugar vem a questão do levantamento de recursos para os projetos 5G.
Nesse caso, o nível de recursos demandados para os investimentos nas novas redes 5G será muito elevado e as novas receitas, provenientes dos novos serviços a partir destas redes, irão crescer de forma muito mais lenta do que a demanda por investimentos.
Outra questão é a aceleração do processo de implantação para contemplar as obrigações assumidas no leilão. Algumas operadoras terão milhares de projetos simultâneos, o que irá impor desafios para a execução e gestão do conjunto destes projetos.
É necessário também maior agilidade do poder público nas análises e aprovações dos projetos de implantação de novos sites, utilizando para isto a legislação federal que foi desenvolvida por especialistas com muita experiência no tema.
Finalmente, a fiscalização do cumprimento das obrigações: como o leilão não foi arrecadatório e a maior parte das ofertas virou obrigação, a Anatel terá de fiscalizar o seu cumprimento, que envolverá um conjunto de projetos muito grande, de dezenas de bilhões de reais.
Quando a população, na prática, começará a usufruir do 5G? Como deve ser esse processo de adaptação à nova tecnologia?
A partir da metade deste ano as capitais já contarão com serviços 5G. As operadoras também iniciarão uma corrida para a cobertura das demais cidades, visando se adiantar em relação aos seus concorrentes para conquistar e fidelizar clientes.
A obtenção de terminais e dispositivos conectados 5G pelos clientes será um fator crítico para a difusão da nova tecnologia, novos modelos de terminais serão oferecidos e novos aplicativos que demandem a nova tecnologia.
Dessa maneira começará a ser formado o novo ecossistema de serviços e soluções 5G, que será dominante em um futuro próximo.
Quais os setores da economia que devem ser os mais beneficiados nas primeiras fases do 5G?
Os primeiros a serem beneficiados serão os usuários que adquirirem smartphones 5G nas capitais. Eles poderão experimentar velocidades de transmissão de dados muito maiores, o que deve ocorrer em meados do próximo ano.
A cobertura, progressivamente, irá se expandindo em função das obrigações assumidas e do interesse das operadoras em se adiantarem em relação às concorrentes. Na sequência, empresas que investirem em soluções 5G para melhoria de conectividade, controle e segurança.
Poderemos ter escritórios, indústrias, mineradoras, transportadoras, escolas e hospitais conectados com 5G.
Em um momento seguinte teremos cidades conectadas, também chamadas de cidades inteligentes, onde recursos de conectividade irão tornar mais eficiente a utilização de diversos recursos públicos.
Em um futuro pouco mais distante, a infraestrutura instalada permitirá recursos para aplicações mais avançadas como carros autônomos, sistemas de trânsito inteligente e outras inovações que demandam um nível mais avançado de conectividade e de topologia das redes que permitam mais baixa latência.
O que representa a chegada do 5G para o país como um todo, em termos de oportunidades?
As transições tecnológicas sempre trazem oportunidades de desenvolvimento de novos serviços e soluções. Com o 5G, as oportunidades serão maiores em função dos avanços tecnológicos, das mudanças de paradigmas e das características de conectividade trazidas pelo 5G.
Além das grandes operadoras, que poderão ter uma ampliação do seu portfólio de serviços e soluções com as novas redes, diversos novos provedores de menor porte poderão disponibilizar serviços modernos com mobilidade.
Além disso, será desenvolvido um grande mercado para o desenvolvimento de aplicações para diversos segmentos da economia, como: cidades inteligentes, agricultura, mobilidade, fábricas inteligentes, portos e hubs inteligentes.