A temporada de balanços do 1º trimestre de 2020 começa amanhã, mas, apesar da divulgação em meio à pandemia de coronavírus, apenas parte dos estragos da crise estarão nos demonstrativos financeiros.
“O impacto forte nas operações veio só no mês de março”, afirma Mario Mariante, analista-chefe da Planner Corretora. “E a expectativa agora é que em junho já tenhamos empresas voltando a funcionar, mesmo que longe da plenitude”.
O fato é que todas vão sofrer, afirma o especialista, variando apenas o tamanho dos problemas. “Por outro lado, alguns custos também caíram, com as atividades paradas”, explica. “Há uma compensação, mesmo com o menor faturamento”.
Para alguns setores, como o de turismo, o impacto limitado de março já promete ser grande. “O segundo trimestre vai ser pior, mas no mês passado tudo estava paralisado para estas empresas”, lembra Fernando Franklin, gerente da corretora Amaril Franklin.
Por outro lado, a área de saúde viu a demanda crescer. O mesmo ocorreu com os serviços de e-commerce, que floresceram com a necessidade de isolamento social. “Na saída da crise, a boa tecnologia, assim como logística eficiente, vai ser necessária para todos, não só para o varejo”, prevê o especialista da Planner.
Como ler balanços?
Para a onda de investidores pessoa física que entrou no B3 em março, essa é a primeira temporada de demonstrativos financeiros. Entre receita, lucro e EBTIDA, a dica, nesse caso, é procurar o noticiário corporativo, com informações mais mastigadas, afirma Fernando Franklin.
“Também é uma boa não se ater ao trimestre, mas procurar o histórico ao longo dos anos”, diz o especialista. “Para, por exemplo, analisar o caminho das dívidas e a relação com o patrimônio, para entender se esse gasto é, na verdade, investimento, ou não”.
A parte financeira é importante, diz Mariante, mas parte do essencial é invisível aos números. “Dados sobre uma boa gestão são fundamentais para entender o posicionamento da companhia no setor”, completa.