Para a XP, as classes de ativos de crédito privado e títulos públicos, de curto e médio prazo, devem predominar a liquidez do mercado de renda fixa à espera das definições sobre o rumo fiscal que seguiremos neste mês de fevereiro.
Em relatório, analistas ressaltam que sinalizações de política monetária que devem se concretizar em mais altas de juros tanto no Brasil, quanto nos Estados Unidos e na Europa.
No cenário doméstico, as eleições e debates políticos devem cada vez mais influenciar as expectativas do mercado sobre as variáveis macroeconômicas e, consequentemente, os ativos de renda fixa.
Os economistas da XP estimam Selic a 11,75% ao final do ciclo de alta, em março, e de 11,25% ao final do ano.
Janeiro
Analistas pontuam que, no mês passado, a curva de juros futuros apresentou abertura nos vencimentos curtos (2022 e 2023) e nos vencimentos de longo prazo, a partir de 2026.
Esse movimento refletiu justamente a expectativa de maiores altas na taxa Selic do que era esperado anteriormente devido à inflação persistente, combinado a uma influência da alta de juros de longo prazo dos títulos soberanos internacionais.
Essa dinâmica de juros impactou negativamente os títulos prefixados e IPCA+ do Tesouro. Além disso, provocou rolagens de vencimentos mais curtos para longos.
A XP ainda vê baixo volume de emissões bancárias, uma vez que a necessidade de captação pelas instituições continua baixa. O volume de emissões de debêntures incentivadas também diminuiu no mês.
Adicionalmente, os volumes negociados de debêntures, CRIs e CRAs reduziu em relação ao mês anterior. Nas ações de ratings, sinais equilibrados de elevações e rebaixamentos, mas com destaque para a ausência de perspectiva negativa para novos emissores analisados.
Desempenho das modalidades
Poupança – No mês de janeiro, a poupança apresentou captação líquida negativa de R$ 19,7 bilhões.
Esse resultado se deu pela soma de depósitos no valor de R$ 260 bilhões contra pedidos de resgates de R$ 280 bilhões, reflexo do aperto de poder de compra com a inflação mais alta e a contração de renda que acompanhamos desde o ano de 2021.
Considerada a taxa Selic em 10,75%, combinada ao rendimento da caderneta de poupança de apenas 0,5% ao mês, essa aplicação, segundo a XP, se revela pouco atraente.
Tesouro Direto – No caso do Tesouro Direto, em dezembro (último dado disponível) houve captação líquida de R$ 1,8 bilhão. No mês, o principal ativo comprado por investidores foi Tesouro Selic, com cerca de 57% das vendas, seguido de Tesouro IPCA+.
O número de investidores cadastrados no programa teve acréscimo de 881 mil novos entrantes, e ultrapassou 16 milhões no total em dezembro, evolução de 77% em relação ao mesmo mês de 2020.
O número de mulheres representou 29,5% do total de investidores no mês.
Desde janeiro de 2022, a taxa de custódia dos títulos passou de 0,25% para 0,20% ao ano, fator que a XP considera positivo para os investidores.
Analistas veem o Tesouro Direto como uma excelente porta de entrada ao mundo dos investimentos. Sendo assim, o crescimento foi um bom indicativo não apenas para esta aplicação, mas para investimentos como um todo.
No mês de janeiro, os títulos do Tesouro Direto encerraram em campo negativo para as séries prefixadas e indexadas à inflação (IPCA+), em todos os vencimentos disponíveis, devido a elevação das taxas de juros desses títulos.
Os títulos pós-fixados, Tesouro Selic, com vencimentos em 2024 e 2027, encerraram com valorização de aproximadamente 0,83% e 0,87%, respectivamente.
Quando ocorrem valorizações nos títulos, a XP pontua que esses movimentos podem representar oportunidades de ganhos de capital para quem já possui os ativos, uma vez os preços dos títulos subiram.
No entanto, vale ponderar se a realização dos ganhos é necessária neste momento ou quais as alternativas de alocação deste montante.
Por outro lado, desvalorizações podem representar oportunidade de compra de títulos a taxas mais elevadas, desde que faça sentido para a composição da carteira do investidor.
Crédito privado – O estoque de ativos de crédito privado cresceu em janeiro em todos os ativos novamente.
A emissão de debêntures (incentivadas ou não) atingiu R$ 3,8 bilhões no mês, redução relevante frente ao mês de dezembro, em que tivemos cerca de R$ 22 bilhões.
O prazo médio das emissões subiu de 5,5 anos em dezembro, para 6,8 anos em janeiro.
O formato flat (plano) da curva de juros nos vencimentos mais longos traz incentivos ao alongamento de dívida por parte dos emissores, segundo a XP, uma vez que, por taxas semelhantes àquelas de prazos intermediários, é possível emitir para prazos mais longos.
Uma elevação das taxas de longo prazo nos meses à frente, tanto no Brasil como no exterior, pode reduzir esse apetite à captação mais longa, afirmam os analistas
O volume emitido de debêntures incentivadas, com foco em financiamento à infraestrutura e isentas de imposto de renda, somou R$ 127 milhões em janeiro, sendo apenas duas emissões do setor de energia, EUBE11 e MEZU12, das empresas Engie e Mez, respectivamente.
No mês de janeiro, o volume negociado de debêntures no mercado secundário atingiu R$ 22,3 bilhões (vs. R$ 26,4 bilhões em dezembro), sendo R$ 14,1 bilhões em não incentivadas e R$ 8 bilhões em incentivadas.
O principal destaque em debêntures não-incentivadas foi a debênture da Magazine Luiza (MGLU3) e em incentivadas, novamente a debênture da Comgás (CGAS5) que teve o primeiro lugar em dezembro e janeiro.
No caso de CRIs, o volume de negociação foi de R$ 6,4 bilhões (vs. R$ 9,6 bilhões em dezembro), com destaque para o GTIS Partners.
Para CRAs, o volume negociado foi de R$ 3,4 bilhões (vs. R$ 3,5 bilhões), próximo do volume do mês anterior, sendo o principal ativo negociado um CRA da JBS.
A XP ressalta que ativos de crédito privado também podem apresentar risco mais elevado e, portanto, boas rentabilidades, sendo uma boa alternativa para quem busca diversificar a carteira.
Como agir daqui para frente?
Para investimentos de curto a médio prazo, a XP prefere ativos pós-fixados, que acompanharão a esperada elevação na Selic.
Além disso, os analistas também recomendam uma pequena parcela de ativos prefixados de prazos curtos, que podem se beneficiar de redução nos juros e inflação esperados em relação à precificação atual na curva, porém exigem maior cautela.
No caso de investimentos de prazos mais longos, a XP indica ativos indexados à inflação, que possibilitam ganhos reais (acima do IPCA), principalmente frente ao cenário atual de alta dos preços.
Com informações de XP.
Com informações de Anbima, B3, Banco Central do Brasil, CVM, Fitch Ratings, Moody's e Tesouro Direto.