A decisão de morar sozinho sempre traz preocupações e dúvidas. Há quem muda de cidade (ou estado) e os que sentem a necessidade de sair da casa dos pais. Cada caso tem desafios diferentes, mas o planejamento financeiro é essencial para evitar muitos problemas.
O mais importante nessa nova fase de vida é a organização. Entretanto, de acordo com uma pesquisa da SPC Brasil, oito em cada dez pessoas que moram só não se planejaram financeiramente para isso.
O recomendável é que as despesas fixas – como aluguel, água, luz e internet – não comprometam mais do que a metade da renda mensal. Além disso, é preciso saber que mudar alguns hábitos, como diminuir o tempo de banho ou o uso de energia, pode ser necessário para fechar o mês mais ‘em conta’.
Antes de mais nada, é preciso definir o custo do imóvel pretendido e as despesas associadas a ele. No caso de aluguel, há três maneiras para que você, o inquilino, dê a garantia necessária para conseguir as chaves: tendo um fiador, oferecendo um valor como caução ou contratando um seguro-fiança.
O fiador é uma terceira pessoa que irá responder pela dívida caso o inquilino não arque com o pagamento mensal. A caução, por sua vez, é uma quantia de dinheiro que corresponde de três a seis vezes o valor do aluguel. Já o seguro-fiança é um aporte mensal pago a uma seguradora, que pagará o aluguel em caso de inadimplência.
Para a turismóloga Luisa Bernardo, o planejamento financeiro começou cedo, logo quando começou sua graduação. Ela divide com seu namorado o aluguel de um apartamento no bairro de Indianópolis, em São Paulo, e conta que suas economias foram cruciais para a locação do imóvel. “Quando eu comecei a faculdade, já comecei a juntar dinheiro sabendo que quando eu saísse dela também sairia de casa”.
“Eu acho que o mais importante na hora de procurar um imóvel é o custo-benefício. Hoje eu moro em uma região nobre de São Paulo, mas não quer dizer que eu seja rica. Com a pandemia, perdi meu emprego e comecei a dar aula particular de inglês e a maioria dos meus alunos estão aqui”, explica.
Além de realizar as estimativas dos gastos fixos, o planejador financeiro Nélio Costa aponta que os móveis, eletrodomésticos e outros utensílios essenciais para a casa devem fazer parte da conta na hora da mudança. Geladeira, fogão e até mesmo talheres são itens necessários para o dia a dia e que devem ser levados em consideração no planejamento financeiro para morar sozinho.
“É necessário ter noção do que vai precisar e botar na conta do aluguel o custo de manutenção desses equipamentos”, diz. “Às vezes vale mais a pena pagar um pouco mais por um imóvel mobiliado do que arcar com as prestações de algum eletrodoméstico para a casa”.
Se organize
Parte fundamental do planejamento das finanças pessoais é a famosa reserva de emergência. Com ela, você poderá se preparar para imprevistos, como uma perda do emprego, gastos inesperados com consertos, saúde ou reposição de eletrodomésticos.
“A gente não tem nada fixo [de trabalho], e tem dado certo. Nossa reserva de emergência é a nossa salvação. Fizemos uma boa reserva”, conta Luisa.
Outra dica é anotar todos os gastos mensais e anuais em uma planilha ou caderno, para ajudar a ter maior controle sobre as despesas. “Tenha tudo orçamentado. Na prática, é algo que leva poucas horas. Veja quanto é sua renda e o quanto você irá gastar com o aluguel, comida e parcelas de eletrodomésticos, por exemplo”, explica Costa.
Economize!
Deixar de pedir uma viagem de carro por aplicativo, delivery e até mesmo cortar gastos mais “luxuosos” com comida podem ser necessários em uma nova vida sozinho. Portanto, esteja preparado para isso. Luisa diz que uma das mudanças foi justamente nos hábitos alimentares: “meu namorado e eu não estamos comprando mais tanta carne, justamente pelo preço”.
Já o planejador financeiro conta que um dos conselhos para economizar é aproveitar descontos em saldões, comprar itens de mostruário ou que muitas das vezes apresentam pequenos defeitos que não influenciam no funcionamento do produto – como pequenos arranhões.
“O ideal é a pessoa comprar à vista com desconto. Se não for possível, parcelar sem juros. E se tiver algum tipo de juro no parcelamento, que seja um movimento consciente de algo essencial”, comenta.