Em abril deste ano, a bolsa de valores brasileira alcançou a marca de 3,5 milhões de pessoas físicas cadastradas para investir e, segundo dados da B3 (B3SA3), os pequenos investidores formam a maioria desse número.
Um levantamento, realizado em dezembro de 2020 com 1.370 entrevistados entre 18 e 65 anos, mostrou que o perfil médio dos investidores é jovem (por volta de 30 anos) e com renda mensal de até R$ 5 mil. O ticket médio de aporte inicial em renda variável também é baixo: R$ 660.
Ainda segundo dados mais recentes da bolsa, 44% dos cadastrados têm até R$ 10 mil em ativos e, do universo de milhões de contas ativas, apenas 33 mil investidores — cerca de 10% do total — têm mais de R$ 1 milhão aplicados.
Números como esses mostram a necessidade de se abrir espaço para o chamado “investidor de varejo”.
Para esse público foram criados produtos que oferecem oportunidades antigamente acessíveis apenas para investidores com maior capacidade financeira, como comprar ações em lote fracionado e, assim, permite-se maior diversificação com investimento mais baixo; ou “versões” de produtos mais arrojados, como derivativos, chamados de “mini contratos”, que podem ser atrelados à variação cambial do dólar ou à volatilidade das ações do índice Ibovespa.
Leia a nossa Spacedica abaixo para entender melhor o Ibovespa e conhecer como operar com opções de compra e venda do índice referência da bolsa.
Ibovespa: as estrelas da B3
Até quem nunca aplicou um real na bolsa de valores já ouviu falar em “Ibovespa”, que ele “subiu”, que “caiu”, que deve “alcançar tantos pontos” até o final do ano.
Essas e outras notícias, comuns do mercado de capitais e que invadem os telejornais diários, tornaram o índice famoso. Porém, quem começa a investir geralmente não sabe exatamente o que ele é.
De forma resumida, o Ibovespa é uma referência de desempenho para a bolsa de valores.
Das centenas de empresas que estão listadas e podem comercializar ações, foram reunidas as que têm maior volume de negociação diário – geralmente em torno de 60 – em uma “carteira fictícia de investimentos”.
É como se um investidor hipotético tivesse comprado ações de todas essas empresas na mesma proporção que mostra o índice. Então, quando os jornais informam que o Ibovespa “subiu”, significa que esse “investidor de mentirinha” teria tido lucro com a sua carteira naquele dia.
Por outro lado, se as ações desvalorizaram, dizemos que “a bolsa fechou em queda” ou, simplesmente, “caiu”. Nesse caso, o investidor teria fechado o dia com prejuízo.
Outra forma comum de se referir ao Ibovespa é por meio dos pontos. Nesse caso, a conta é simples: cada ponto do índice vale R$ 1. Ou seja, se a bolsa fechar o dia a 120 mil pontos, significa que a carteira de investimentos daquele investidor fictício que citamos acima, naquele dia, valeria R$ 120 mil.
Como comprar todas as ações do Ibovespa na exata proporção não é simples nem barato. Quem deseja ter uma carteira de investimentos que “copie” o desempenho do Ibovespa deve aplicar em investimentos atrelados ao índice, como os ETFs e os contratos (ou mini contratos) do Ibovespa, que você confere abaixo como operar.
Contratos mais acessíveis
Os contratos de Ibovespa são negociados no ambiente do Mercado Futuro.
Para lucrar, o investidor deve prever se o índice terá subido ou caído na data do vencimento do contrato. O “Futuro Mini de Ibovespa”, nome oficial do mini contrato do índice na B3, claro, também funciona assim.
O que faz dele “mini” é exatamente o valor necessário para poder investir, bem mais baixo que nos “contratos cheios”.
Tantos os contratos quanto os mini contratos são comercializados em lotes. Porém, para operar com um contrato de índice “cheio”, o investidor precisa aplicar cerca de R$ 375 mil, uma vez que cada contrato custa por volta de R$ 75 mil e o lote padrão mínimo é de cinco contratos.
Os mini contratos existem exatamente para atender quem não conta com uma capacidade de investimento tão alta. Então, eles são comercializados por uma fração do valor. No caso do Futuro Mini de Ibovespa, cada contrato custa R$ 14 mil, que é o valor mínimo para investir.
Como ganhar dinheiro com os mini contratos do Ibovespa?
Primeiro, é preciso entender como escolher um contrato. A sigla para investir em mini índice é WIN e, da mesma forma que nos contratos de dólar, é preciso escolher qual será o mês e ano do vencimento.
Cada mês tem sua letra específica:
Janeiro – F
Fevereiro – G
Março – H
Abril – J
Maio – K
Junho – M
Julho – N
Agosto – Q
Setembro – U
Outubro – V
Novembro – X
Dezembro – Z
Ao final, acrescente o ano para completar o código. Então, para investir em um contrato para setembro de 2021, será: WINU21
Para ter lucro com um contrato, conforme explicamos acima, é preciso prever qual será a posição do índice na data do vencimento.
A maneira de mensurar os ganhos (ou perdas) é por meio dos pontos: cada ponto, a mais ou a menos, no Ibovespa trará R$ 0,20 de lucro ou de prejuízo por contrato.
Uma conta hipotética: hoje, o Ibovespa está em 120 mil pontos. Você analisa o mercado e compra um contrato (R$ 14 mil) com vencimento para outubro. O mercado, então, entra em um ciclo de alta fantástico e alcança 123 mil pontos no mês do vencimento.
Em um caso como esse, você terá lucrado R$ 600 caso tenha investido o valor de um contrato.
Porém, as corretoras costumam permitir que investidores operem “alavancados” nesse tipo de contrato. Em um caso como esse, em vez de um contrato, você poderia ter operado com 10, com lucro de R$ 6 mil.
Invista com responsabilidade
É comum que iniciantes acreditem que no mercado futuro podem alcançar lucro farto e rápido em pouco tempo. E é aí que mora o perigo: da mesma forma que é possível, sim, obter grandes ganhos, operar alavancado no mercado futuro pode trazer prejuízos enormes.
Então recomenda-se cuidado com esse tipo de ativo. E seguir sempre o conselho dos especialistas em educação financeira: invista com o pensamento em longo prazo, diversifique e, por mais arrojado que seja o seu perfil de investidor, aplique apenas uma pequena parte do seu patrimônio em investimentos de alto risco, como câmbio e mercado futuro.