A XP Investimentos lançou nesta sexta-feira (29) um relatório sobre o plano estratégico da Petrobras para o quadriênio 2020-2024. Na avaliação, a XP discorda de algumas projeções da empresa petrolífera, como as de aumento de produção e de investimentos.
O plano anterior, de 2019-2023, foi tomado como base para as análises atualizadas da companhia e da XP, levando em conta alguns detalhes do plano estratégico, como os preços do barril de petróleo, os investimentos previstos, a estimativa da produção, meta de endividamento e venda de ativos.
Barril de petróleo e equivalente
Os preços do barril de petróleo, na nova perspectiva da Petrobras, estarão abaixo das expectativas anteriores, com uma desvalorização de 25,4% para 2020 (de US$ 67 para US$ 50 o barril), de 30,6% para 2021 (de US$ 72 para US$ 50 o barril) e de 33,3%, para 2022 e 2023 (de US$ 75 para US$ 50 o barril).
A estimativa de crescimento da produção é avaliada de maneira diferente pela Petrobras e pela XP. Enquanto a primeira acredita em uma produção crescente, que começaria em 2,20 milhões de barris por dia, em 2020, e terminaria a série com 2,90 milhões, em 2024, a corretora vê uma estabilidade, com números de 2,46 e 2,48 milhões para os mesmos anos, respectivamente.
Já a estimativa de produção de petróleo e gás (contabilizada em barris equivalentes de petróleo), segundo a Petrobras, teria um aumento de 6,7% durante o período 2020-24. A XP, porém, avalia que o aumento será de apenas 0,7%.
Investimentos
O investimento total estimado pela petrolífera é de US$ 75,7 bilhões, dos quais 85% (US$ 64,3 bilhões) serão alocados em exploração e produção de petróleo (E&P). Essa projeção fica entre a meta do plano anterior, de US$ 84,1 bilhões, e a estimativa da XP, de US$ 71,7 bilhões, e o número pode ser explicado pelo plano da empresa de vender 50% de seus ativos de refino e gás natural a longo prazo, o que pode fazer o valor variar ainda mais.
Endividamento
A empresa tem a expectativa, com o novo plano, de fazer com que seu EBITDA, os lucros antes dos juros e impostos, seja 1,5 vezes maior do que a Dívida Líquida. A meta é chegar em 2021 com US$60 bilhões de dívida bruta, o que permitiria começar a pagar dividendos, segundo sua nova política (60% de sua geração de caixa operacional menos investimentos). Para tanto, em 2020, a empresa dependerá da venda de ativos para consolidar seu plano, tendo em vista que a estimativa para o ano seja de um EBITDA 2,2 vezes maior do que a Dívida Líquida.
Mantendo o otimismo
Apesar de a avaliação do Plano Estratégico ser considerada neutra pela XP, é possível que o mercado reaja de maneira negativa aos números mais baixos, em especial ao ano de 2020, que terá uma produção igual à de 2019 e um maior número de paradas para manutenção e uma acentuada queda na extração na bacia de Campos.
Em contrapartida, as ações devem permanecer com o mesmo preço-alvo de R$36 para (PETR4) e R$35 para (PETR3) e continua a recomendação de compra pela agência de investimentos. Além disso, apesar da nova política de divisão de lucros parecer distante, dividend yield, índice criado para medir a rentabilidade de dividendos em relação ao preço de suas ações, está estimado em 9%.