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XP: o que esperar da Embraer (EMBR3) neste ano após valorização de 197% em 2021?

Segundo Lucas Laghi, analista de Bens de Capital da corretora, a retomada gradual da economia tem boa participação nesse grande avanço

- Roosevelt Cassio/Reuters
- Roosevelt Cassio/Reuters

A Embraer (EMBR3) apresentou a maior alta do ano passado no Ibovespa.

Após ser uma das maiores perdedoras do índice em 2020, quando caiu 56% naquele ano graças às restrições da pandemia de Covid-19 e uma joint venture abortada junto com a Boeing, a companhia decolou e encerrou 2021 com uma valorização de 197%.

Mas o que explica esse fenômeno de recuperação e o que esperar da companhia para 2022?

Segundo o analista de Bens de Capital da XP Investimentos, Lucas Laghi, em publicação redigida por Iago Garcia, a retomada gradual da economia tem boa participação nessa grande valorização das ações.

“Com as restrições da pandemia arrefecendo, e o setor aéreo progressivamente apresentando retomada, as ações passaram a refletir esse maior otimismo com a retomada da indústria, com EMBR3 mostrando alta de 197% ao longo de 2021 (+26% vs. o fim de 2019)”, avalia.

No entanto, um esforço micro da Embraer também potencializou esse crescimento, como destaca Laghi.

“Ressaltamos o desenvolvimento da Eve no ano de 2021, subsidiária da companhia responsável pelo desenvolvimento dos eVTOLs, ou veículos elétricos de decolagem e pouco vertical (comumente conhecidos como carros voadores), como um passo importante de inovação, se antecipando a um amplo mercado em expansão a endereçado pela companhia no futuro, o que também ajudou nas perspectivas das ações da empresa no último ano”, pontua.

Como empresa de grande exposição às exportações, a depreciação do real em relação ao dólar também foi positiva para os números da companhia. 

O que os resultados trimestrais revelam de positivo no funcionamento da Embraer?

Além do desenvolvimento de novas iniciativas como a Eve, a empresa mostrou-se mais eficiente nos seus números trimestrais, principalmente os mais recentes.

“Houve melhora sequencial nos últimos dois trimestres da margem bruta do segmento de aviação comercial, o mais impactado pela pandemia, assim como manutenção de sólidos níveis de rentabilidade da divisão de aviação executiva”, ressalta Laghi.

“A eficiência aparece na de melhora significativa nos níveis de margem EBITDA da companhia para o ano de 2021 (8.5% – 9.5%, vs. 3.3% em 2019 e 2.2% em 2020) e, por fim, indicativo de geração de caixa positiva para o ano de 2021, de acordo com o último guidance da companhia, vs. uma expectativa anterior de queima de caixa, refletindo uma gestão de caixa mais otimizada pela companhia”, acrescenta o analista.

O que esperar para o 2022 da Embraer?

A empresa se mostra descontada em importantes índices fundamentalistas, o que reforça o bom potencial de crescimento.

“Em relação a valuation, vemos a Embraer negociando a 9.2x 2022 EV/EBITDA, com seu prêmio de múltiplo versus a média histórica de 7,5x suportado pelo potencial da sua plataforma de eVTOL (especialmente após o anúncio recente da intenção de seu IPO)”, diz Laghi.

“Além disso, ao excluir a participação acionária da Embraer na Eve de US$2,4 bilhões, vemos os negócios tradicionais da empresa sendo negociados a aproximadamente 4,5x 2022 EV/EBITDA, o que consideramos excessivamente barato (implicando em maior potencial de valorização à medida que seu segmento de aviação comercial continua a se recuperar)”, complementa.

Recomendação

A Embraer (EMBR3) tem recomendação de compra, com preço-alvo de R$ 27,30 por ação (potencial de cerca de 29% de upside) por iniciativas inovadoras como a Eve, além de boa sustentação do segmento de aviação executiva no curto prazo.