Com o objetivo de abrir espaço fiscal para implementar o novo programa social Auxílio Brasil, o governo precisou fazer mudanças que flexibilizam regras do teto de gastos. A mudança causou volatilidade nos mercados, tanto que instituições como Santander, Credit Suisse e UBS BB deterioraram suas expectativas para dólar, inflação, juros e PIB.
No último sábado (23), foi a vez da XP se juntar às projeções mais pessimistas.
"Em nossa opinião, estamos observando uma mudança de regime na condução da política fiscal, e não 'apenas' uma piora na margem", diz economista-chefe da XP, Caio Megale. "Julgamos que esse cenário assume maior probabilidade de realização, levando a um pior equilíbrio macroeconômico", acrescenta.
A XP, que estimava o dólar em R$ 5,20 neste ano e em R$ 5,10 em 2022, passava a ver a moeda americana em R$ 5,70 nos dois anos.
A inflação medida pelo IPCA, antes projetada para 9% neste ano e em 3,90% em 2022, foi estimada a 9,10% e 5,20%, respectivamente.
Quanto à Selic, a XP espera um reajuste de 1,5 ponto na reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) já nesta semana e outro acréscimo de mesma magnitude na reunião de dezembro.
Assim, a Selic encerraria o ano a 9,25%, em vez da expectativa anterior de 8,25%. E haveria, segundo o relatório, novas altas no início de 2022, que levariam a taxa básica a 11% ao ano ao fim do ciclo de ajustes.
Para o PIB, outra redução na projeção de crescimento.
"A deterioração das condições financeiras, com destaque ao aumento da percepção de risco e aperto mais intenso da política monetária e a alta adicional dos custos globais de produção, nos levou a revisar a projeção de crescimento do PIB em 2022, de 1,3% para 0,8%. Em média, esperamos variação praticamente nula do PIB ao longo dos trimestres do ano que vem", disse Megale.
Antes, a XP esperava um crescimento de 5,3% neste ano. Agora, a corretora estima uma expansão de 5,0%.