quarta, 24 de abril de 2024
Petrobras

Petrobras sobe após prejuízo menor que o esperado e alta do petróleo

31 julho 2020 - 11h33Por Investing.com
Por Gabriel Codas - Investing.com - Nos primeiros negócios da manhã desta sexta-feira, as ações da Petrobras operam com ganhos, indo na contramão das perdas do Ibovespa. A estatal divulgou balanço ontem, após fechamento do mercado, com um prejuízo líquido de R$ 2,7 bilhões no segundo trimestre, ante lucro de R$ 18,87 bilhões mesmo período do ano passado, quando a companhia tinha registrado seu melhor resultado trimestral. Apesar de negativo, o resultado veio melhor do que a expectativa do mercado. A mediana do consenso dos analistas era de prejuízo líquido de R$ 4,81 bilhões. Por volta das 10h38, os papéis preferenciais  (SA:PETR4) tinham alta de 0,70% a R$ 22,98, enquanto os ordinários avançavam 1,07% a R$ 23,57. Contribuia para a alta dos papéis a valorização dos preços do petróleo no mercado internacional, com o contrato futuro do Brent, negociado em Londres e referência de preço para a Petrobras, tinha ganhos de 0,37% a US$ 43,40 o barril. O Ibovespa recuava 0,77% a 104.195 pontos. A Petrobras apontou que, em uma conjuntura de preços e demanda mais baixos devido à pandemia, houve uma melhora ante o prejuízo de R$ 48,5 bilhões no primeiro trimestre, principalmente devido à ausência de impairments no período. O lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação (Ebitda) ajusta somou cerca de 25 bilhões de reais, recuo de 23,5% na comparação anual. Já o fluxo de caixa livre atingiu 15,77 bilhões de reais, versus 12,4 bilhões de reais no mesmo período de 2019. Visão dos analistas Para o BTG Pactual (SA:BPAC11), após uma recuperação Brent mais forte e mais rápida do que o esperado, a Petrobras está de volta onde estava antes da crise. No momento, o Brent está na média do 1T20 em termos de reais e apenas 10% abaixo em termos de dólares. Para os analistas, na medida que a estatal retoma seu programa de venda de ativos, incluindo (mas não limitado a) suas refinarias, suas histórias de desalavancagem e redução de riscos estão novamente de volta aos trilhos, embora com um atraso de 6 a 12 meses. O banco segue recomendando a compra e mais uma vez enxergam oferecendo um rendimento FCFE de dois dígitos, com base nas estimativas de 2021, potencialmente atingindo seu limite de aumento de dividendos até 2022. Balanço Além de não ter registrado baixas contábeis, que no trimestre anterior colaboraram para a companhia ter a maior perda de sua história, um ganho proveniente da exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS/Confins, após decisão judicial favorável, limitou o prejuízo entre abril e junho, já que teve um efeito de 10,9 bilhões de reais no resultado. Segundo a estatal, excluindo esses fatores, a perda teria sido pior devido aos impactos da Covid-19 nas operações, com reflexo nos preços, margens e volumes. “A eclosão de uma crise global de saúde causou uma recessão global profunda e sincronizada que afetou severamente a indústria global de óleo e gás”, disse o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, em relatório. “Os preços do petróleo Brent, que eram de 65 dólares por barril em fevereiro despencaram para 19 dólares em abril de 2020, devido à contração de 25% na demanda global, ameaçando uma parada súbita nos fluxos de caixa”, acrescentou o CEO. Além da pandemia, o segundo trimestre também foi afetado pelo colapso de preços resultante das negociações da Opep+, lembrou a Petrobras. A empresa também registrou maiores despesas operacionais relacionadas à hedge, no valor de 2,7 bilhões de reais, e à implementação dos planos de demissão voluntária (PDVs), que exigiram provisões de 4,8 bilhões de reais. “Os hedges de petróleo foram essenciais para garantir margem positiva à companhia quando o mercado estava muito volátil. Neste momento, não estamos fazendo hedge de nossas exportações de petróleo pois o mercado está mais estável. Porém, poderemos retomar essa prática se julgarmos necessário”, disse Castello Branco. A empresa disse que buscou compensar a queda na demanda interna com maiores exportações, especialmente para a China, que respondeu por 87% dos embarques da Petrobras no período, ante 48% no primeiro trimestre, quando a economia chinesa havia sido mais afetada pela pandemia. “Destacamos que, graças à nossa rápida reação à crise e à implementação bem-sucedida da nossa estratégia, tivemos um grande volume de exportações no 2T20, as quais não foram totalmente traduzidas em receitas, havendo 38MMbbl de exportação de petróleo em andamento”, disse a Petrobras.