terça, 16 de abril de 2024
PIB

PIB é modesto mas mostra economia em recuperação

03 dezembro 2019 - 12h25Por Tiago Tristão

▪ O Produto Interno Bruto (PIB) registrou variação positiva de 0,6% no terceiro trimestre de 2019 em relação ao segundo (sazonalmente ajustado). Na comparação com igual período de 2018, o PIB subiu 1,2% yoy.

▪ No acumulado do ano até o mês de setembro, o PIB registrou crescimento de 1% em relação a igual período de 2018.

▪   A maior alta foi da agropecuária que cresceu 1,3% qoq. A indústria cresceu 0,8% qoq  e serviços cresceu 0,4% qoq. O crescimento da indústria deve-se exclusivamente à indústria extrativa, que cresceu 12% qoq.

▪ Pela ótica da demanda, houve crescimento da formação bruta de capital físico de 2% qoq, puxado pela construção que apresenta recuperação no valor adicionado e no emprego. Foi o segundo trimestre de crescimento da construção civil após 20 trimestres consecutivos de queda. Houve crescimento de 0,8% qoq no consumo das famílias e queda de 0,4% qoq no consumo do governo. As exportações recuaram 2,8% qoq enquanto que as importações subiram 2,9%.

▪ Para o último trimestre de 2019, o PIB deve crescer 1,3% yoy fechando o ano com crescimento anual em torno de 1%.

Evolução da Atividade

Embora a taxa de crescimento do PIB seja modesta, apenas 1,2% na comparação interanual, a economia brasileira vive seu melhor momento desde o primeiro trimestre de 2018. Naquele momento a economia crescia 1,2%, acumulado nos últimos 4 trimestres, e presenciava a volta da criação do emprego formal após dois anos e meio de crise econômica. Entre maio e junho de 2018, a greve dos caminhoneiros e a guerra tarifária entre EUA e China, além da crise da Argentina como subproduto da guerra tarifária, implicaram o fim de uma recuperação econômica mais robusta. Agora, a economia brasileira se encontra em estágio de recuperação semelhante àquele período: crescimento acumulado de 1,1% com retomada gradual do mercado de trabalho formal (foram criados 492 mil empregos formais nos últimos 12 meses, melhor resultado desde agosto de 2014).

Pelo lado da oferta, embora a indústria de transformação continue sofrendo com a crise da Argentina, a produção da indústria extrativa de minério continua em recuperação após a tragédia de Brumadinho, porém a extração de petróleo e gás natural compensou a queda interanual na extração de minério. A indústria extrativa como um todo cresceu 4% yoy. Devemos encerrar o ano com crescimento interanual nos dois ramos industriais. O volume de serviços prestados ainda está muito abaixo do nível anterior à crise, porém, assim como o volume de vendas no comércio varejista, apresenta melhora marginal desde julho.

A construção apresentou crescimento de 4,4% interanual, o que significou o segundo trimestre de seguido de taxa positiva após 20 trimestres consecutivos de queda. Houve uma melhora no emprego do setor (acréscimo de 1,3% na ocupação na construção) e o crescimento do valor adicionado foi puxado principalmente pela construção imobiliária.

Pelo lado da demanda temos um crescimento lento no consumo das famílias (houve o início da liberação de parcelas do FGTS em setembro) com queda no consumo do governo (inclui pessoal e demais gastos, exceto investimentos), que cai em todas as esferas administrativas. A formação bruta de capital físico cresceu 2,9% yoy impulsionada pelo crescimento da construção e a boa performance da produção doméstica de bens de capital. As exportações têm recuado ao longo de 2019 influenciadas pelo menor volume do comércio global, devido à guerra tarifária e menor preço de commodities, que tem prejudicado a evolução recente dos termos de troca. Já as importações sobem devido ao crescimento de cerca de 2% da massa salarial real e do retorno do investimento.

Com a persistente alta taxa de absorção da economia brasileira, mesmo que as exportações melhorem ao longo de 2020, devemos ver déficits na conta corrente do balanço de pagamentos na medida que o investimento voltar a crescer com mais força.

Na ausência de choques exógenos, a economia brasileira apresentará um ritmo mais sólido de expansão nos próximos trimestres. Para o último trimestre de 2019, o PIB deve crescer 1,3% yoy fechando o ano com crescimento anual em torno de 1%.

Obs: PIB de 2018 foi revisado de 1,1% para 1,3%. A revisão positiva foi influenciada exclusivamente pela agropecuária que passou de 0,1% para 1,4%. A revisão anual é realizada pelo IBGE rotineiramente no terceiro trimestre de cada ano.