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Acordo comercial entre EUA e China: entenda o que está por trás do interesse de Trump em ser 'amigo' de Xi Jinping

Recentemente, presidente norte-americano elogiou o presidente chinês e criticou a gestão de Joe Biden em relação às relações com Pequim

EUA e China
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Investidores pelo mundo à fora estão otimistas com a possibilidade de um acordo comercial entre Estados Unidos (EUA) e China, acenado por Donald Trump na última quinta-feira (20).

Como reflexo, o dólar voltou a ser negociado acima do R$ 5,70 e bolsas de valores, como a B3, operam em alta desde o aceno do republicano.

Isso porque, o novo pacto que Trump deseja estabelecer inclui não apenas investimentos chineses na economia americana, mas também um compromisso de que Pequim aumente a compra de produtos norte-americanos.

No entanto, as negociações enfrentam resistências devido ao histórico de tarifas e sanções entre os dois países.

Apesar disso, na declaração, Trump elogiou o presidente chinês, Xi Jinping, e criticou a gestão de Joe Biden em relação às relações com Pequim.

“Tenho um relacionamento muito bom com o presidente Xi. Ele ama a China, e eu amo os Estados Unidos”, afirmou o republicano.

Escalada tarifária e retaliação chinesa

Em fevereiro, Trump impôs uma nova tarifa de 10% sobre todas as importações chinesas. Essa medida rapidamente levou Pequim a retaliar com aumentos de impostos sobre produtos americanos, como energia e maquinário.

A China manifestou sua insatisfação com as medidas, mas reforçou estar aberta ao diálogo.

Trump também implementou sanções contra o México e o Canadá. No entanto, esses dois países conseguiram negociar uma pausa de um mês na cobrança dessas tarifas, prazo que se encerra em 3 de março.

Segundo uma pesquisa da Ipsos, a maioria da população americana rejeita as tarifas impostas por Trump contra China, México e Canadá.

Sete em cada dez americanos acreditam que tais medidas trarão impactos negativos para a economia dos EUA.

A relação entre Estados Unidos e China se tornou ainda mais complexa, especialmente devido à fraqueza do mercado imobiliário chinês, que levou Pequim a aumentar suas exportações.

No entanto, a China tem inundado o mercado global com carros, painéis solares e outros produtos, ameaçando indústrias em diversos países, incluindo os EUA.

Trump e a diplomacia comercial

Apesar dos dois países terem um histórico de guerras comerciais, essa estrutura de acordo comercial já era esperada pelo mercado.

Já que durante seu primeiro mandato, Trump impôs tarifas sobre mais de US$ 300 bilhões em produtos chineses para pressionar Pequim a firmar um acordo.

O pacto de 2020 previa que a China compraria US$ 200 bilhões adicionais em bens e serviços americanos, mas as metas não foram alcançadas, com Pequim atribuindo a falha à pandemia de Covid-19.

Agora, Trump quer reabrir negociações para um novo acordo abrangente. Alguns de seus conselheiros, como o especialista em China Michael Pillsbury, acreditam que o republicano deseja um pacto que beneficie ambos os lados.

No entanto, outros analistas alertam que será difícil superar os obstáculos políticos e econômicos.

Postura de Trump

Trump tem adotado uma postura agressiva com aliados e rivais. Recentemente, manteve ameaças de tarifas contra a União Europeia e criticou os gastos militares insuficientes dos países europeus na Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).

No campo diplomático, suas declarações sobre o conflito no Oriente Médio também geraram controvérsias.

Durante uma reunião com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, Trump sugeriu que os Estados Unidos poderiam “tomar conta de Gaza”, além de sugerir que Egito e Jordânia recebessem refugiados palestinos.

A declaração foi amplamente repudiada por líderes globais.

Acordo EUA-China é possível?

Segundo analistas, a consolidação da relação Estados Unidos e a China ou o oposto, um novo período de tensões entre os dois países, dependerá do desenrolar das negociações e das decisões de Trump.

O presidente acredita que sua abordagem firme pode pressionar Pequim a ceder terreno aos Estados Unidos, enquanto seus conselheiros ponderam sobre como estruturar um pacto viável para ambos os lados.