O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), presta um novo depoimento à Polícia Federal (PF) nesta quinta-feira, 5 de dezembro de 2024.
Cid, que firmou um acordo de colaboração premiada com as autoridades, tem fornecido informações essenciais que subsidiaram diversos inquéritos que envolvem o ex-presidente e seus aliados.
A colaboração de Cid tem sido um dos pilares de várias investigações que buscam esclarecer ações ilegais dentro da administração pública durante o mandato de Jair Bolsonaro.
Acordo de colaboração premiada de Mauro Cid
Cid, que continua a colaborar com a PF e outras instâncias do poder judiciário, tem sido uma fonte valiosa de informações sobre a trama golpista que visava a derrubada do governo eleito após a derrota do ex-presidente Jair Bolsonaro nas eleições de 2022.
Com o acordo de colaboração premiada, o militar tem revelado detalhes que auxiliam as investigações sobre a tentativa de golpe de Estado e outras ações ilícitas praticadas por membros do antigo governo.
Duas semanas após o último depoimento
Este novo depoimento ocorre apenas duas semanas após o depoimento anterior de Mauro Cid, que foi ouvido pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Durante a audiência, o militar conseguiu manter os benefícios do acordo de colaboração, apesar das tentativas da PF de contestá-lo.
O depoimento de Cid foi crucial para garantir a continuidade de sua colaboração, mesmo diante de indícios de omissões e contradições nas declarações anteriores sobre os eventos relacionados ao golpe de Estado.
Risco ao acordo de colaboração: Oposição da PF às declarações de Cid
O acordo de colaboração premiada de Mauro Cid havia ficado sob risco após a Polícia Federal (PF) apontar possíveis omissões e contradições em suas declarações, especialmente em relação à participação de figuras chave na trama golpista, como o próprio ex-presidente Jair Bolsonaro e outros aliados de sua gestão.
Essas discordâncias poderiam ter comprometido os benefícios oferecidos a Cid, mas ele conseguiu evitar maiores repercussões, graças às informações adicionais que forneceu no depoimento ao ministro Alexandre de Moraes.
Indiciamento de Mauro Cid e demais envolvidos em tentativa de Golpe de Estado
No mês passado, Mauro Cid, junto a outras 36 pessoas, inclusive o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), foi formalmente indiciado pela Polícia Federal por diversos crimes graves, como tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa.
Esses indiciamentos foram baseados nas investigações sobre os eventos que culminaram na tentativa de impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no dia 1º de janeiro de 2023.
O inquérito foi encaminhado à Procuradoria-Geral da República (PGR), e agora cabe ao procurador-geral da República, Paulo Gonet, decidir se denuncia ou não os indiciados por esses crimes.
Investigação em andamento: Decisão da PGR e possíveis denúncias
O processo segue em fase de apuração, e a decisão da PGR vai ser fundamental para o futuro dos investigados, como Mauro Cid e Jair Bolsonaro.
A Procuradoria-Geral da República tem a responsabilidade de decidir se as evidências apresentadas são suficientes para formalizar as acusações e levar os indiciados a julgamento.
Detalhes cruciais fornecidos por Mauro Cid: A atuação de Walter Braga Netto
Uma das informações mais significativas fornecidas por Mauro Cid durante sua colaboração foi sobre a atuação do general Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil e candidato a vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro (PL) durante as eleições presidenciais de 2022.
Cid detalhou, em depoimento ao ministro Alexandre de Moraes, a participação de Braga Netto em articulações relacionadas à tentativa de golpe de Estado, o que pode ser um dos pontos centrais da investigação.
Esses depoimentos têm ajudado as autoridades a entender melhor os papéis desempenhados pelos principais envolvidos na tentativa de reverter o resultado das urnas.
Até o momento, Mauro Cid já foi ouvido mais de dez vezes pela Polícia Federal.
Além de sua colaboração sobre o golpe de Estado, Cid também se envolveu em outros casos de grande repercussão, como a investigação sobre a falsificação de cartões de vacinação contra a Covid-19 e a venda das joias sauditas que foram recebidas por Jair Bolsonaro e sua família durante a presidência.
Cid, assim como Bolsonaro e outros membros de sua equipe, foi indiciado pela PF no caso da falsificação do cartão de vacina contra a Covid-19.
Esse caso tem gerado grande repercussão, já que envolveu a manipulação de documentos públicos e foi apontado como uma tentativa de enganar as autoridades de saúde.
Além disso, a investigação sobre a venda de joias sauditas recebidas por Bolsonaro também está em andamento, com o ex-presidente acusado de praticar atos ilícitos relacionados ao recebimento e comercialização de itens de valor.