Ataque político

Atentado em Brasília: o que se sabe sobre a motivação de Tiü França para explodir a Praça dos Três Poderes?

Francisco Wanderley Luiz cultivava, em suas redes sociais, uma postura de descontentamento com o cenário político brasileiro e expressava ideias de cunho conspiratório

Explosão Brasília atentado Praça dos Três Poderes
Reprodução

Um atentado abalou a Praça dos Três Poderes na noite da última quarta-feira (13). Francisco Wanderley Luiz, conhecido na cidade catarinense de Rio do Sul (SC) como Tiü França, realizou duas explosões em um intervalo de segundos, em uma curta distância entre o prédio do Supremo Tribunal Federal (STF) e da Câmara dos Deputados, localizados em Brasília.

Nos últimos dias, Francisco, de 59 anos, fez algumas postagens nas redes sociais que sugeriam motivações ideológicas para o atentado.

Nas publicações, Tiü França revelava uma postura hostil a “comunistas” e às instituições de governo, usando expressões agressivas e ameaçadoras.

Em mensagens enviadas para si próprio via WhatsApp e depois divulgadas em suas redes sociais, ele escreveu: “Polícia Federal, vocês têm 72 horas para desarmar a bomba que está na casa dos comunistas de merda”. Outras mensagens incluíam avisos como “Cuidado ao abrir gavetas, armários, estantes, depósito de materiais etc.”

Além disso, Francisco estabeleceu uma “contagem regressiva”, indicando que o “jogo” começaria às 17:48 e terminaria no dia 16 de novembro.

Dessa forma, autoridades leram essas mensagens como uma possível intenção de chamar a atenção para uma causa política pessoal e desferir ataques ao sistema político brasileiro, particularmente direcionados ao STF, à Polícia Federal e a outros órgãos do governo.

Quem é Tiü França?

Chaveiro de profissão e ex-candidato a vereador em 2020 pelo Partido Liberal (PL), Francisco obteve apenas 98 votos na eleição municipal e não se elegeu.

Em suas publicações nas redes sociais, ele cultivava há anos uma postura de descontentamento com o cenário político brasileiro e expressava ideias de cunho conspiratório.

Francisco compartilhava conteúdos polêmicos e falava em “resistência” contra os rumos que o país tomava, frequentemente acusando o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de ações contrárias aos seus valores.

“Estamos atravessando um período bastante turbulento e degenerativo em nosso país… São vários os motivos porém um dos principais é sem dúvida as armas pesadas estarem nas mãos das gazelas saltitantes. Te levanta caserna!!! Não te deixe manipular”, escreveu Tiü França.

Nos dias que antecederam o atentado, ele alugou uma casa em Ceilândia, no Distrito Federal, onde, segundo a Polícia Civil, possivelmente preparou os explosivos improvisados que usou no ataque.

As explosões em Brasília

A primeira explosão ocorreu por volta das 19:30, quando o carro de Francisco explodiu no estacionamento entre o Supremo Tribunal Federal e o Anexo IV da Câmara dos Deputados.

O carro estava carregado com fogos de artifício e tijolos, numa montagem precária de artefato explosivo.

Logo após a primeira explosão, Francisco tentou invadir o STF. Segundo um segurança do tribunal, ele estava com uma mochila de onde retirou artefatos que lançou contra a estátua da Justiça.

Alertado pelos gestos suspeitos do homem, o segurança observou um dispositivo semelhante a uma bomba improvisada presa ao corpo de Francisco. Deitando-se no chão, Francisco acionou o artefato preso à cabeça, provocando a segunda explosão que resultou em sua morte.

Assim, a área foi isolada pela Polícia Militar e pelo esquadrão antibombas, que realizaram varreduras em busca de possíveis outros explosivos.

Sessões no STF e no Congresso Nacional foram suspensas imediatamente. O presidente Lula, que não estava no Palácio do Planalto no momento, se reuniu com os ministros Alexandre de Moraes e Cristiano Zanin para discutir o reforço na segurança.

Dessa forma, a Polícia Federal já iniciou uma investigação para elucidar o caso.