Suposta tentativa de Golpe de Estado

Bolsonaro deve ser denunciado pela PGR ainda em fevereiro, diz jornal

O relatório da Polícia Federal, com 884 páginas, aponta que Bolsonaro teria planejado, atuado e exercido controle direto sobre uma tentativa de golpe de Estado com o objetivo de se manter no poder após sua derrota nas eleições de 2022 para Luiz Inácio Lula da Silva

Bolsonaro
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A Procuradoria-Geral da República (PGR) deve formalizar uma denúncia contra o ex-presidente Jair Bolsonaro até o final de fevereiro de 2025, conforme apuração do jornal O Globo. Espera-se, no entanto, que o processo não seja finalizado nesta semana.

Fontes do Supremo Tribunal Federal (STF) afirmam ao jornal que a PGR adota uma abordagem cautelosa e minuciosa em relação ao caso, o que tem gerado um certo adiamento no processo.

Embora a PGR tenha prazo até o final deste mês para apresentar a denúncia, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, tem afirmado a interlocutores que o caso demanda tempo e que a denúncia não deve ser apressada.

A Procuradoria-Geral realiza uma análise detalhada do material produzido pela Polícia Federal, que indiciou Bolsonaro e outros trinta e nove envolvidos por suposta participação em uma trama golpista, em novembro de 2024.

O relatório da Polícia Federal, com 884 páginas, aponta que Bolsonaro teria planejado, atuado e exercido controle direto sobre uma tentativa de golpe de Estado com o objetivo de se manter no poder após sua derrota nas eleições de 2022 para Luiz Inácio Lula da Silva.

O ex-presidente nega, veementemente, qualquer envolvimento em tentativas de ruptura institucional, e defende que não participou de ações que pudessem caracterizar um golpe.

Fontes indicam ao jornal O Globo que uma eventual complementação do relatório pela PF está sendo aguardada, mas o procurador-geral da República (PGR), Paulo Gonet, afirmou que isso não deve prejudicar o núcleo central das investigações já em andamento.

De acordo com interlocutores da Procuradoria-Geral, um aditamento à denúncia pode ser realizado caso novas informações relevantes sejam incorporadas ao processo.

Isso garantiria que nenhuma evidência relevante fosse deixada de fora e que a denúncia fosse abrangente o suficiente para sustentar uma ação judicial robusta.

Se a denúncia for formalizada, o caso vai ser encaminhado ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), relator do processo. Depois, o caso deve ser analisado pela Primeira Turma do STF, composta por outros ministros da Corte.

A Polícia Federal, ao concluir seu relatório de investigação, apontou que Bolsonaro foi líder de uma trama golpista, com o intuito de abolir o Estado Democrático de Direito.

O relatório concluiu que as ações executórias do grupo liderado pelo ex-presidente visavam reverter o resultado das eleições de 2022 e mantê-lo no poder.

Entretanto, segundo a PF, o golpe não foi consumado em razão de circunstâncias alheias à vontade de Bolsonaro.

Além de Jair Bolsonaro, outros nomes de destaque em sua gestão foram indiciados pela Polícia Federal.

Entre eles estão generais de alto escalão, como Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil, que atualmente se encontra preso, Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa, e o Almir Garnier, ex-comandante da Marinha.