Preso no último sábado (14) por obstrução de justiça no âmbito das investigações sobre a tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022, o general da reserva Walter Braga Netto cumpre sua detenção em uma sala adaptada na sede da 1ª Divisão do Exército, na Vila Militar, Zona Oeste do Rio de Janeiro.
O espaço foi preparado para abrigar o oficial, já que a estrutura do Exército no Rio não dispunha de um local adequado para o isolamento de um general de quatro estrelas.
A sala onde Braga Netto está preso é equipada com banheiro privativo, ar-condicionado, geladeira, televisão e armário.
As refeições, quatro por dia, são realizadas no refeitório reservado aos oficiais de alta patente.
Prisão de Braga Netto
A decisão de prender Braga Netto foi proferida pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, com base em novos elementos apurados pela Polícia Federal.
Segundo as investigações, o general teria tentado acessar informações relacionadas à colaboração premiada de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, e teria atuado de forma dolosa para impedir ou dificultar o andamento das apurações.
Entre os novos elementos apresentados pela Polícia Federal estão mensagens apagadas do celular do general Lourena Cid, pai de Mauro Cid, que indicariam comunicações frequentes com Braga Netto.
Além disso, um documento encontrado na sede do Partido Liberal (PL), que detalhava tentativas de obter informações sobre a delação de Mauro Cid, foi citado na decisão do STF.
A Polícia Federal também aponta que Braga Netto desempenhou um papel de liderança na chamada “Operação Punhal Verde e Amarelo”, um suposto planejamento para manter Jair Bolsonaro no poder por meios antidemocráticos.
Segundo depoimentos, o general teria arrecadado recursos para viabilizar o plano, entregando dinheiro em reuniões com outros envolvidos.
O local de detenção e as regras militares
A prisão de Braga Netto ocorre em uma unidade que ele mesmo chefiou entre 2016 e 2019, durante seu comando no Comando Militar do Leste.
A estrutura foi improvisada para atender à prerrogativa militar de que oficiais não podem ser mantidos em celas convencionais antes de uma condenação definitiva.
A sala onde o general está preso fica no mesmo edifício ocupado pelo chefe de Estado-Maior da 1ª Divisão do Exército.
O Exército explicou que, por normas hierárquicas, o general da reserva deve ficar sob custódia em organização militar cujo comando seja de um oficial da ativa com precedência hierárquica.
Como o comandante da 1ª Divisão é subordinado ao Comandante Militar do Leste, essa estrutura foi considerada adequada para a prisão preventiva do general.
Defesa de Braga Netto
A defesa de Braga Netto negou qualquer tentativa de obstrução ou embaraço às investigações e afirmou que o general jamais participou de reuniões ou atividades para financiamento de atos antidemocráticos.
Em nota, os advogados destacaram que irão se manifestar nos autos após acesso integral à decisão e reforçaram a confiança no devido processo legal.
Com informações de G1.