Novo escândalo

Cida Gonçalves e secretária-executiva do Ministério das Mulheres são acusadas de assédio, diz site

De acordo com as informações coletadas, dezessete pessoas foram ouvidas em condição de anonimato

Cida Gonçalves (PT), ministra das Mulheres. Foto: Valter Campanato - Agência Brasil.
Cida Gonçalves (PT), ministra das Mulheres. Foto: Valter Campanato - Agência Brasil. | Foto: Valter Campanato - Agência Brasil.

Funcionárias e ex-funcionárias do Ministério das Mulheres, liderado pela ministra Cida Gonçalves (PT), relataram uma série de denúncias preocupantes que envolvem situações de assédio moral e discriminação racial dentro do órgão.

As acusações, que incluem menções à própria ministra e à secretária-executiva, Maria Helena Guarezi, foram divulgadas pelo site Alma Preta e repercutidas pelo Poder360.

De acordo com as informações coletadas, dezessete pessoas foram ouvidas em condição de anonimato e relataram que a ministra demitiu uma das secretárias do ministério devido à suposta priorização de sua campanha eleitoral em detrimento de suas responsabilidades no órgão.

Além disso, surgiram acusações de racismo contra Guarezi, que, segundo os relatos, teria omitido ações relevantes ao ser informada sobre os episódios de assédio, sem tomar as medidas necessárias para resolver a situação.

Cida Gonçalves se pronuncia

Em entrevista ao site Poder360, Cida Gonçalves declarou que vai continuar a exercer suas funções normalmente e que um eventual afastamento do cargo cabe ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A ministra mencionou que o ministério prepara uma nota oficial para se manifestar sobre as graves acusações feitas.

Informações da Pesquisa Pública do SEI (Sistema Eletrônico de Informações) indicam que, até o momento, não existem ações registradas contra Gonçalves ou Guarezi, detalhou o site Poder360.

O sistema público abrange todos os processos administrativos, como investigações sobre condutas irregulares de servidores. Contudo, os casos de assédio moral podem estar sob sigilo, o que levanta questionamentos sobre a transparência das investigações.

Proximidade de Cida Gonçalves com a primeira-dama estaria ameaçada?

Cida Gonçalves mantém uma relação próxima com a primeira-dama, Janja Lula da Silva.

Ambas viajaram juntas em julho para Foz do Iguaçu (PR), onde Janja da Silva discursou e se referiu a Cida e à ministra da Gestão e Inovação, Esther Dweck (PT), como “amigas de governo”, e enfatizou que as três estão “na trincheira” pela defesa das mulheres nos espaços de poder.

Denúncias de assédio moral e racismo

Os relatos de assédio moral dentro do ministério incluem episódios que envolvem Carmen Foro, que ocupava o cargo de secretária de Articulação Institucional, Ações Temáticas e Participação Política.

Foro foi exonerada em 8 de agosto e, segundo as acusações, a ministra utilizou uma reunião para “ameaçar” a segurança no emprego das funcionárias que faziam parte da equipe de Carmen.

Em uma gravação obtida pelo site Alma Preta, Cida afirmou: “quem dela e que veio com ela, tinha que ir”.

Adicionalmente, a ministra foi acusada de criar uma atmosfera marcada por assédio moral e perseguição.

Laudos apresentados ao site indicam que as funcionárias enfrentaram sérios problemas de saúde mental, como síndrome de burnout, crises de pânico e ansiedade, resultado do ambiente opressivo em que estavam inseridas.

Desde o início da gestão de Cida Gonçalves, foram registradas cinquenta e nove demissões no Diário Oficial da União (DOU).

Por sua vez, a secretária-executiva Maria Helena Guarezi enfrentou acusações de racismo.

Relatos indicam que ela pediu para Carmen Foro, que possui cabelo crespo, se sentar durante uma reunião, e que ela havia alegado que o cabelo dela “atrapalhava a visão do espaço”.

As funcionárias e ex-funcionárias relataram que Gonçalves estava ciente do ocorrido, mas não tomou nenhuma atitude a respeito. Comentários como “de novo isso de racismo?” e “já vem essa de mulher negra” teriam sido comuns no ambiente de trabalho.

Em setembro, Cida Gonçalves expressou solidariedade à ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, que foi uma das vítimas de assédio sexual por parte do ex-ministro Silvio Almeida (Direitos Humanos).

Embora Almeida tenha sido demitido do cargo, ele nega as acusações que pesam sobre ele, e a situação continua a gerar polêmica e debate no governo.

As informações são do site Alma Preta e Poder360.