Comunicação falhou

Crise do Pix expõe derrota de Lula e Haddad para controlar fake news

Reação tardia do governo resultou em desgaste político e reforçou críticas sobre sua ineficiência na comunicação digital

Crise do Pix expõe derrota de Lula e Haddad para controlar fake news
Marcelo Camargo/Agência Brasil

A decisão de revogar a medida da Receita Federal que ampliava a fiscalização de transações financeiras com Pix partiu diretamente do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas o recuo foi considerado uma derrota política para o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT-SP), e expôs a falta de agilidade do governo em lidar com a disseminação de fake news.

A crise começou com a rápida propagação de desinformação sobre uma suposta taxação do Pix, impulsionada por vídeos nas redes sociais.

Em um único dia, uma postagem do deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) alcançou impressionantes 237 milhões de visualizações, enquanto aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), como o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), intensificaram os ataques.

A reação tardia do governo resultou em desgaste político e reforçou críticas sobre sua ineficiência na comunicação digital.

Até mesmo o Banco Central (BC), agora sob o comando de Gabriel Galípolo, entrou nas redes com linguagem de TikTok para pedir à população que não acreditasse em “lorota”.

Sobretudo, a situação foi agravada pela decisão da Meta – dona do Facebook, Instagram e Whatsapp – de encerrar o sistema de checagem de fatos em suas plataformas, o que, segundo o Planalto, favorece estratégias da oposição para desestabilizar o governo.

No entanto, aliados do presidente, principalmente no PT, defenderam que ele não deveria ter recuado, sob o argumento de que, agindo assim, pareceu dar razão aos adversários, mas a avaliação no Planalto foi a de que não havia outra opção. 

Sidônio Palmeira, recém-empossado na Secretaria de Comunicação Social (Secom), admitiu que o governo opera de forma analógica em um ambiente dominado pelas redes sociais.

Após uma reunião de emergência com Lula e ministros, foi prometida a reestruturação da comunicação digital, com a retomada de uma licitação de R$ 197,7 milhões, anteriormente suspensa pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e recentemente liberada.

Contém informações do jornal o Estado de São Paulo.