Na noite desta segunda-feira (6), a presidência do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) confirmou mudanças significativas no comando da Diretoria de Pesquisas (DPE), órgão responsável por diversas atividades de coleta e análise de dados essenciais para o país.
As substituições ocorrem em um momento delicado de turbulência interna no instituto, o que tem gerado um clima de tensão entre servidores e a atual gestão, comandada pelo economista Márcio Pochmann desde agosto de 2023.
As informações são do jornal Folha de S.Paulo.
Mudanças no comando da Diretoria de Pesquisas (DPE)
Elizabeth Hypolito, que estava à frente da DPE desde janeiro de 2023, deixa o cargo de diretora.
Hypolito vai ser substituída por Gustavo Junger da Silva, técnico do IBGE desde 2006, que atualmente coordena o Censo Demográfico dentro da própria DPE.
A troca também envolve o cargo de diretor-adjunto, anteriormente ocupado por João Hallak Neto.
Neto vai ser substituído por Vladimir Gonçalves Miranda, servidor do instituto desde 2010, atualmente alocado na Gerência de Planejamento Conceitual da DPE.
A transição das duas posições ocorre na próxima semana, conforme informado em uma nota oficial divulgada pelo IBGE.
Embora a presidência não tenha esclarecido os motivos das mudanças, fontes internas afirmaram ao jornal Folha de S.Paulo que as alterações podem ser reflexo de divergências internas e descontentamento com as ações da gestão atual.
A situação tem sido acompanhada de perto por servidores, que, em sua maioria, apontam a falta de diálogo como um dos principais problemas no relacionamento com a liderança do instituto.
Crise interna e insatisfação com a gestão de Márcio Pochmann
As trocas na DPE acontecem em um contexto de crescente crise interna no IBGE, que já se arrasta desde setembro de 2023.
Servidores têm manifestado insatisfação com decisões tomadas pela presidência de Pochmann, que assume o cargo após a saída de sues antecessores, e cobram uma postura mais aberta ao diálogo.
Entre as acusações mais frequentes está a de que a gestão do economista tem adotado um comportamento considerado autoritário por parte de alguns membros da equipe, especialmente após o anúncio de medidas controversas, como a criação da fundação pública de direito privado IBGE+.
Em resposta às críticas, Pochmann tem se defendido, e afirma que as acusações são “infundadas” e que o instituto apenas adota medidas inovadoras.
“Refutamos com firmeza as acusações infundadas de comportamento autoritário“, declarou o presidente em nota anterior.
Desafios na gestão e controvérsias em projetos estratégicos
Entre as principais ações que têm gerado desconforto dentro do IBGE está a criação do IBGE+, uma fundação vinculada ao instituto e com um estatuto que permite a realização de trabalhos tanto para organizações públicas quanto privadas.
Este movimento foi criticado por servidores, que passaram a se referir ao IBGE+ como o “IBGE paralelo”, uma alegação rebatida por Pochmann, que justificou a criação da fundação como “um instrumento inovador“.
Além disso, outra medida que causou descontentamento foi o plano de transferência de servidores do prédio alugado pelo IBGE na Avenida Chile, no Centro do Rio de Janeiro (RJ), para um novo imóvel do Serpro, em uma localização considerada de difícil acesso, no bairro Horto, zona sul do Rio de Janeiro.
Pochmann defendeu que a mudança seria temporária e parte de uma estratégia de economia, com a intenção de reformar um novo endereço para o instituto na cidade.
Expectativa por mais mudanças nas diretorias do IBGE
As trocas na DPE não são vistas como isoladas, e, de acordo com o jornal Folha de S.Paulo, fontes dentro do IBGE não descartam a possibilidade de outras mudanças no futuro próximo.
Entre as áreas observadas, a Diretoria de Geociências, uma das principais do instituto, passou a ser citada como possível alvo de novas reformulações.
O clima de instabilidade dentro do IBGE tem aumentado a especulação sobre o futuro da estrutura administrativa do instituto, o que pode afetar o andamento de projetos importantes, como o Censo Demográfico, ainda em processo de execução.
Quem são os novos diretores da DPE?
Gustavo Junger da Silva, novo diretor da DPE, se destaca como um servidor veterano do IBGE, com mais de 15 anos de experiência na instituição.
Ele atualmente coordena a parte técnica do Censo Demográfico, um dos maiores projetos realizados pelo instituto, e tem se destacado por sua atuação em diversas áreas da pesquisa e planejamento.
Vladimir Gonçalves Miranda, por sua vez, assume o cargo de diretor-adjunto da DPE com uma trajetória igualmente consolidada dentro do IBGE.
Com mais de uma década de experiência no instituto, ele tem trabalhado na Gerência de Planejamento Conceitual da DPE, e desempenha um papel fundamental na estruturação dos projetos de pesquisa e na implementação das políticas internas.
As informações são do jornal Folha de S.Paulo.