Política

Pela 1ª vez, Bolsonaro e Nunes se reúnem após 67 dias de campanha

Apesar de apoio declarado, o encontro revelou um distanciamento entre o ex-presidente e o atual prefeito

Prefeito de São Paulo marca 24% das intenções de voto na corrida eleitoral, segundo a pesquisa Quaest
Prefeito de São Paulo marca 24% das intenções de voto na corrida eleitoral, segundo a pesquisa Quaest | Crédito: André Bueno/Rede Câmara

Nesta terça-feira (22), a apenas cinco dias para o segundo turno da eleição, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) participou do seu primeiro evento de campanha ao lado do atual prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), após sessenta e sete dias do início oficial da corrida eleitoral.

O encontro aconteceu em um almoço fechado com cerca de 400 empresários e políticos na Fazenda Churrascada, no Morumbi, zona oeste de São Paulo.

O evento marcou um apoio envergonhado entre Bolsonaro e Nunes, que apesar de aliados, não mostraram grandes demonstrações de entusiasmo.

Com discursos breves e elogios discretos, os dois líderes expuseram uma aliança distante que reflete o tom de sua relação nos últimos meses.

Bolsonaro havia declarado apoio a Nunes em janeiro deste ano, mas sua participação na campanha foi mínima até agora.

Após o almoço, os dois ainda gravaram um podcast a ser utilizado nas redes sociais da campanha de Nunes.

À noite, participaram de um culto na Igreja Sara Nossa Terra e finalizaram o dia em uma pizzaria.

Ao lado de Bolsonaro e Nunes estava também o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que chegou com ambos ao local, vindos do Palácio dos Bandeirantes.

Apoio distante e discreto

No discurso durante o almoço, tanto Nunes quanto Bolsonaro mencionaram brevemente a renegociação da dívida do município de São Paulo com a União, realizada em 2021, como um dos poucos momentos de cooperação antes da campanha atual.

Os dois também atribuíram a ausência de Bolsonaro na campanha ao grande número de viagens do ex-presidente, o que justificaria o apoio tardio.

Bolsonaro destacou que já havia mostrado seu suporte a Nunes ao participar da convenção do MDB em agosto, quando indicou o nome de Ricardo Mello Araújo (PL) como vice-prefeito na chapa de Nunes.

Eu fiz o que tinha que ser feito”, afirmou Bolsonaro em resposta aos questionamentos sobre sua participação na campanha de Nunes.

Ele ainda mencionou que seu papel na eleição foi semelhante a de um jogador que passa a bola para o meio de campo, e indicou que estava satisfeito com o resultado alcançado até agora.

Apesar do apoio declarado, o distanciamento entre Bolsonaro e Nunes se tornou visível.

De um lado, Bolsonaro enfrentava pressão de seus apoiadores, que preferiam Pablo Marçal (PRTB) como candidato.

Do outro, Nunes e o MDB tentavam se desvincular das polêmicas que envolviam o ex-presidente e focar em uma campanha mais voltada à gestão municipal.

No evento, Bolsonaro fez questão de elogiar Tarcísio de Freitas, considerado o grande cabo eleitoral de Nunes.

Durante os discursos, houve uma troca protocolar de elogios entre Bolsonaro e o prefeito.

Bolsonaro mencionou o presidente do MDB, Baleia Rossi, e brincou que ele cometeu um “erro grave” ao citar Michel Temer como o melhor presidente do Brasil.

O ex-presidente sugeriu que ele deveria ter dito que o país teve “dois melhores presidentes” .

Quando questionado pela imprensa sobre seu alinhamento com Bolsonaro em temas como liberdade econômica, Nunes evitou polemizar e afirmou que o apoio de Bolsonaro era de suma importância por ele ser o maior líder da direita no Brasil.

No entanto, o prefeito ressaltou que São Paulo desempenhou um papel crucial no combate à pandemia de COVID-19 e que sua gestão promoveu a vacinação em massa na capital.

Bolsonaro, por sua vez, voltou a lançar suspeitas infundadas sobre a eleição de 2022, mas Nunes não se envolveu na polêmica e afirmou que “tudo pode ser analisado”, mas que ele não acompanhou esses casos de perto.

Almoço com empresários e políticos bolsonaristas

O almoço foi organizado pelo empresário Fauzi Hamuche, da confraria Caves (Confraria de Amigos do Vinho), e contou com a presença de empresários e políticos, como vereadores bolsonaristas como Lucas Pavanato (PL) e Zoe Martinez (PL), além de figuras como o presidente do PSD, Gilberto Kassab, e o senador Rogério Marinho (PL-RN).

Entre os aliados de Nunes, a avaliação foi de que a participação de Bolsonaro no segundo turno dificilmente vai alterar os resultados da eleição, mas foi vista como importante para reforçar o papel de Tarcísio de Freitas como apoiador central na campanha.

Já entre os bolsonaristas, o evento foi considerado positivo em diversos aspectos, especialmente por manter Bolsonaro em evidência mesmo com a sua ausência em grande parte da campanha.

O prefeito Nunes encerrou o evento pedindo aos presentes que evitem viajar no fim de semana para garantir a votação.

Com informações de Folha de S.Paulo.