Corrida eleitoral

Ricardo Nunes se destaca em infraestrutura, mas não tem plano para atratividade econômica em São Paulo

Fabio Andrade, economista e professor da ESPM, pontua que o candidato à reeleição na prefeitura da capital paulista se beneficia de planos já estruturados antes de sua gestão

Ricardo Nunes se destaca em infraestrutura, mas não tem plano para atratividade econômica em São Paulo
Crédito: Folhapress

O candidato à reeleição para a prefeitura de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), tem um perfil que agrada o eleitor paulistano, mas traz consigo um plano de governo tradicional e pouco inovador. 

Essa é a análise de Fabio Andrade, economista e professor da ESPM, que pontua ainda que o prefeito se beneficiou de uma estrutura já estabelecida por gestões anteriores. 

“A gente pode dizer que é um governo tradicional e que se tem algum ponto que nós podemos colocar como positivo, sobretudo ao gosto do eleitor e de boa parte dos comerciantes e do sistema de negócios que operam em São Paulo, é um sistema que nos últimos dois anos prezou por restabelecer infraestrutura de vias públicas e zeladoria”, analisa o economista.

Como Ricardo Nunes pode movimentar o ambiente de negócios em São Paulo?

Em seu plano de governo, disponível no site do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Nunes diz que continuará impulsionando “o desenvolvimento econômico da cidade por meio de diversas estratégias integradas, como a facilitação do acesso ao crédito e o desenvolvimento de projetos inovadores e sustentáveis.”

Além disso, o prefeito também pontua que, durante sua gestão, foram implementadas ações para fomentar o desenvolvimento econômico, o trabalho e o empreendedorismo na cidade. 

“Em 2023, a cidade liderou a geração de empregos formais, com 130 mil vagas, e diminuiu a taxa de desemprego no 1º trimestre de 2024 para 7,5%, a menor taxa para o período nos últimos 8 anos”, diz o documento.

Na análise de Andrade, o principal motor para a economia da capital paulista são os negócios já instalados. Além disso, o professor pontua que, apesar de alguns estímulos à população mais vulnerável, não existiu um planejamento estruturado voltado para o ambiente de negócios.

“Ao pequeno empreendedor houve um programa de isenção de multas de empresários qualificados no MEI (Microempreendedor Individual) que não recolheram a sua contribuição. Esse tipo de situação tende a contribuir para gerar um fôlego financeiro para a população de baixa, mas dizer que houve um programa estruturado? Isso não houve. Por isso, eu falo que é um governo muito conservador”, pontua. 

Andrade também explica que perfis mais conservadores, como o caso de Nunes, “adoram tirar proveito” do CadÚnico, ligado ao programa Bolsa Família, que auxilia pessoas de baixa renda. 

“À medida que Bolsonaro perde as eleições presidenciais e o governo Lula reassume, uma das primeiras prioridades foi voltar a fazer funcionar o Cadastro Único. E aí muitas prefeituras aproveitaram esse momento para conseguir capitalizar politicamente”, analisa.

O que Ricardo Nunes promete de novidade em sua gestão? 

  • Mamãe Tarifa Zero: caso reeleito, Nunes pretende que as mães inscritas no CadÚnico terão tarifa zero para levar seus filhos à creche, caso não estejam sendo amparadas pelo TEG (Transporte Escolar Gratuito).
  • Paulistão da Saúde: o plano consiste em um complexo de saúde em cada região da cidade, com UPA (Unidade de Pronto Atendimento), UBS (Unidade Básica de Saúde), o centro de exame para mulher, CAPS (Centro de Atenção Psicossocial), centro odontológico, entre outros pontos para apoiar a saúde da população. 

Quem é o preferido da Faria Lima? Nunes ou Marçal? 

Em uma análise voltada ao cenário dos eleitores paulistanos que trabalham na Faria Lima, o coração financeiro do País, que engloba bancos, casas de investimentos, entre outras instituições do mercado, o economista acredita que Ricardo Nunes é um meio-termo que pode agradar a maior parte dos economistas. 

No entanto, Andrade pontua que o candidato Pablo Marçal (PRTB), é uma opção para aqueles que vendem produtos financeiros e que se identificam com um posicionamento “radical” mais aliado à extrema-direita.