Os Estados Unidos (EUA) estão planejando proibir certos hardwares e softwares feitos na China e na Rússia de carros, caminhões e ônibus no país devido a riscos de segurança. Fato que resultaria também na proibição da importação e venda de veículos chineses no país.
Por meio de um comunicado, autoridades disseram estar preocupadas que a tecnologia em questão, usada para direção autônoma e para conectar veículos a outras redes, pudesse permitir que inimigos “manipulassem remotamente carros nas estradas americanas“.
As tecnologias abordadas pelo comunicado envolvem itens essenciais para um carro conectado, também muito comuns em celulares, como:
- Wi-Fi;
- Bluetooth;
- Conexão com redes móveis 2G, 3G, 4G ou 5G;
- Antena para GPS;
- Câmeras;
- Sensores.
Atualmente, há um uso mínimo de software feito na China ou na Rússia em carros americanos. No entanto, a Secretária de Comércio, Gina Raimondo, afirmou que os planos eram medidas “direcionadas e proativas” para proteger os EUA.
“Os carros hoje possuem câmeras, microfones, rastreamento por GPS e outras tecnologias conectadas à internet”… “Não é preciso muita imaginação para entender como um adversário estrangeiro com acesso a essas informações poderia representar um sério risco tanto para nossa segurança nacional quanto para a privacidade dos cidadãos americanos.”, ressaltou a Secretária.
O lado dos chineses
Autoridades chinesas afirmaram que os EUA estavam ampliando “o conceito de segurança nacional” para atacar injustamente empresas chinesas.
“A China se opõe à ampliação do conceito de segurança nacional pelos EUA e às ações discriminatórias tomadas contra empresas e produtos chineses”…”Pedimos que os EUA respeitem os princípios de mercado e forneçam um ambiente de negócios aberto, justo, transparente e não discriminatório para as empresas chinesas.”, disse Lin Jian, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, em uma declaração.
A proposta
A proposta, que agora entrará em um período de consulta pública, é a mais recente iniciativa da Casa Branca visando limitar a presença da China na cadeia de suprimentos da indústria automotiva.
O governo americano também aumentou as tarifas sobre carros elétricos, baterias para veículos elétricos e uma série de outros itens, a fim de combater a influência chinesa no setor. Além disso, proibiu separadamente a importação de guindastes de carga fabricados na China, alertando para o risco de cibersegurança.
Em fevereiro, os EUA lançaram uma investigação sobre os riscos cibernéticos relacionados aos chamados carros conectados.
O governo Biden afirma ter levantado sérias preocupações sobre a coleta de dados por empresas chinesas sobre motoristas e infraestrutura dos EUA por meio de veículos conectados.
A regulamentação também forçará as montadoras norte-americanas e outras grandes empresas do setor a remover os principais softwares e hardwares chineses, dos veículos nos Estados Unidos a partir de 2027.
Fato que dá à indústria mais três anos para reorganizar suas cadeias de suprimento.
John Bozzella, presidente e CEO da Alliance for Automotive Innovation, que representa grandes empresas automotivas, disse que:
“Embora haja muito pouca tecnologia, hardware ou software, na cadeia de suprimentos de veículos conectados que entra nos EUA da China atualmente”, a regra forçaria algumas empresas a encontrar novos fornecedores.
“O tempo de transição incluído na proposta permitirá que alguns fabricantes de automóveis façam a transição necessária, mas pode ser muito curto para outros”, completa.