Política

Explosões na Praça dos Três Poderes aumentam temores bolsonaristas sobre "enterro da anistia"

O tema, que era uma pauta em negociação pelo ex-presidente Bolsonaro, ganha novos entraves

Palácio do Planalto - Agência Brasil/Fabio Rodrigues
Palácio do Planalto - Agência Brasil/Fabio Rodrigues

Após as explosões na Praça dos Três Poderes, na noite de quarta-feira (13), deputados bolsonaristas manifestaram preocupação sobre o andamento do projeto de lei de anistia para os envolvidos nos ataques golpistas de 8 de janeiro.

Em grupos de WhatsApp, parlamentares discutiram o impacto do incidente na tramitação da proposta, considerada uma pauta central para apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

A Folha de S.Paulo teve acesso a mensagens de dois grupos de WhatsApp onde esses deputados debatiam o possível “enterro” do projeto de anistia.

O deputado Gustavo Gayer (PL-GO), por exemplo, compartilhou uma imagem do suspeito das explosões, que foi identificado como ex-candidato a vereador pelo PL. Gayer escreveu: “Parece que foi esse cara mesmo. Agora vão enterrar a anistia. Pqp.”

Outro deputado, Capitão Alden (PL-BA), reagiu de forma semelhante: “Lá se foi qualquer possibilidade de aprovar a anistia. Adeus redes sociais e esperem os próximos 2 anos de perseguição ferrenha! Com certeza o inquérito das fake news será prorrogado ad eternum.”

Em outro grupo, o deputado Eli Borges (PL-TO) também compartilhou sua preocupação, comentando que “se tentou ajudar, atrapalhou”.

Para ele, o ministro Alexandre de Moraes, que lidera a investigação sobre o 8 de janeiro e comanda o inquérito das fake news, pode interpretar o incidente como mais uma justificativa para endurecer a repressão a apoiadores radicais de Bolsonaro.

A tramitação do projeto de anistia

A proposta de anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro vinha sendo discutida desde o início do ano e é considerada essencial para a base bolsonarista.

Em entrevista recente, o próprio ex-presidente Jair Bolsonaro chegou a mencionar a importância do tema.

No final de outubro, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), decidiu retirar a proposta da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e anunciou a criação de uma comissão especial para discutir o texto. No entanto, a comissão ainda não foi oficializada.

O tema ganhou ainda mais importância após Bolsonaro mencionar, em conversa com a Folha, que a anistia é uma pauta com prazo para ser definida, expressando sua esperança de que a medida possa abranger sua situação política, já que ele espera poder concorrer novamente a um cargo público.