O assessor do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Fabio Wajngarten, negou as acusações feitas pelo tenente-coronel Mauro Cid em sua delação premiada, cujo sigilo foi derrubado nesta quarta-feira (19) pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.
Em publicação no X (antigo Twitter), Wajngarten afirmou que Cid mente e que sua delação foi “inventada conforme gosto do freguês”.
Ele também contestou as acusações de que Bolsonaro teria ordenado a adulteração do cartão de vacinação contra a Covid-19 e a venda de joias para pagamento de despesas pessoais.
“CID MENTE. Delação INVENTADA”
Wajngarten, que foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) na última terça-feira (18), saiu em defesa do ex-presidente e atacou as declarações de Mauro Cid.
“Eu convivi intimamente com o presidente @jairbolsonaro e com o tenente-coronel Mauro Cid. Não é verdade que o presidente deu ordem para adulterar o cartão de vacina dele porque ele nunca precisou de certificado algum para entrar e sair de qualquer país. Não é verdade que o presidente ordenou venda de relógios para pagamento de despesas, quer sejam elas as mais variadas possíveis, única e exclusivamente porque nunca foi o presidente que administrava suas despesas e, sim, seus assessores liderados pelo ONIPRESENTE CID”, escreveu o assessor.
Mauro Cid detalha esquema de venda de joias e fraude em cartões de vacinação
Nos depoimentos prestados à Polícia Federal (PF), Mauro Cid relatou que Bolsonaro ordenou a inserção de dados falsos de vacinação contra a Covid-19 no sistema do Ministério da Saúde.
Os registros, segundo Cid, foram feitos em nome do ex-presidente e de sua filha, Laura Firmo Bolsonaro. O tenente-coronel também confirmou que os certificados de vacinação foram impressos e entregues diretamente a Bolsonaro.
Outro ponto levantado na delação foi a venda de joias e relógios nos Estados Unidos, supostamente a mando do ex-presidente. Segundo Cid, Bolsonaro o enviou ao país para negociar um kit de joias de ouro branco e relógios de luxo.
A venda teria rendido US$ 86 mil, retirados aos poucos para evitar suspeitas. A primeira parcela, de US$ 18 mil, teria sido entregue diretamente a Bolsonaro.
De acordo com a delação, a decisão de vender os itens teria sido motivada por dificuldades financeiras do ex-presidente, que reclamava de gastos com mudanças, transporte do acervo presidencial e multas de trânsito por pilotar motos sem capacete durante as “motociatas”.
Tentativa de contato com a família de Cid
Nos depoimentos, Mauro Cid também afirmou que Fabio Wajngarten tentou obter informações sobre o que ele havia dito à PF. O ex-ajudante de ordens contou que Wajngarten fez contato com seu pai e tentou ligar para sua esposa.
Além de Wajngarten, o general Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro em 2022, também teria tentado obter informações sobre a delação.