Cenários

Governo Lula vai ser prejudicado com vitória de Trump? Diplomacia brasileira minimiza apoio do presidente a Harris

A leitura é de que o comércio bilateral entre os dois países transcende a ideologia dos governos em questão e não depende de alinhamentos políticos ou partidários

Rui Costa, Lula e Haddad
Rui Costa, Lula e Haddad | Foto/Marcelo Camargo - Agência Brasil

A diplomacia brasileira avaliou que a declaração de apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à vice-presidente Kamala Harris, candidata do Partido Democrata à presidência dos Estados Unidos, não deverá afetar as relações econômicas entre Brasil e EUA, após Donald Trump derrotar sua apoiadora.

Em Brasília, a leitura é de que o comércio bilateral entre os dois países transcende a ideologia dos governos em questão e não depende de alinhamentos políticos ou partidários.

Lula foi criticado por alguns setores do mercado financeiro após manifestar seu apoio a Harris, mas o governo brasileiro procurou minimizar o impacto dessa posição.

Segundo autoridades brasileiras, o apoio de Lula a Joe Biden durante a campanha presidencial anterior já havia sido expresso, e o posicionamento atual é parte de uma estratégia mais ampla de defesa da democracia, sem que isso interfira diretamente na dinâmica econômica entre as nações.

Em conversas privadas, um diplomata brasileiro destacou que a neutralidade política, embora vista por alguns como uma alternativa, não contribuiria para melhorar as relações entre Lula e o ex-presidente Donald Trump, aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

A comparação foi feita com a relação entre o presidente da Argentina, Javier Milei, e seus adversários ideológicos, como o governo de Biden, que, apesar das diferenças políticas, mantêm uma parceria comercial pragmática.

Por outro lado, a diplomacia brasileira expressa apreensão quanto às propostas econômicas de Trump.

O presidente reeleito já declarou sua intenção de aumentar as tarifas sobre importações e implementar uma série de medidas protecionistas, o que pode afetar negativamente a balança comercial com o Brasil.

Além disso, Trump também anunciou planos de promover uma deportação em massa de imigrantes e enfraquecer a independência do Federal Reserve, o Banco Central dos Estados Unidos.