O cancelamento da viagem do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, à Europa nos próximos dias gerou expectativas no mercado sobre uma possível aceleração das medidas de corte de gastos que a equipe econômica vem planejando.
Com isso, Haddad deve concentrar-se nesta semana em Brasília para avançar com as discussões e ajustes no pacote fiscal, com previsão de apresentar a proposta final ao presidente Lula antes de sua confirmação.
Nesta segunda-feira (4), Haddad se reúne com o presidente Lula no Palácio do Planalto para tratar das medidas fiscais, cuja confirmação é aguardada por economistas e investidores.
O ex-ministro Maílson da Nóbrega, em entrevista, afirmou que a decisão do ministro é sensata e apropriada, já que reforça o compromisso com a busca pela estabilidade econômica. Para ele, o trabalho da equipe econômica é válido, embora ainda existam desafios no avanço de medidas estruturais que enfrentam resistências no governo.
Contudo, segundo José Márcio Camargo, economista-chefe da Genial Investimentos, o recuo de Haddad quanto à viagem acontece em um momento de urgência e de pressão sobre o governo, mas ainda deixa o mercado desconfiado.
Para Camargo, o momento exige ações mais duras, como controle de gastos sociais e uma mudança na política de reajuste do salário mínimo. “Minha avaliação é negativa, pois esperávamos algo mais forte”, disse.
Já Jefferson Laatus, estrategista-chefe do grupo Laatus, apontou que o mercado recebeu o cancelamento da viagem como um “recado”, mas destacou que a decisão precisa ser seguida de ações concretas.
“O mercado precisa dessa previsibilidade para fazer preço. Se o pacote fiscal não tiver o rigor esperado, o impacto sobre o câmbio pode ser grande, com o dólar podendo atingir até seis reais”, comentou.
Expectativa do mercado sobre o pacote fiscal
Na última terça-feira (29), Haddad havia sinalizado que o prazo para o envio das medidas fiscais ainda estava em aberto e que o pacote dependia do aval de Lula.
Sem detalhar o que vem sendo discutido, o ministro respondeu na quarta-feira (30) que considera exagerada a pressão do mercado e da imprensa sobre as decisões de corte de despesas.
Para o economista Paulo Gala, professor da Fundação Getúlio Vargas e economista-chefe do Banco Master, a decisão de Haddad em permanecer no Brasil é vista com certo alívio, mas o cenário só deve se clarificar com o anúncio oficial das medidas.
Com informações de CNN.