Sucessão na Câmara dos Deputados

Impasse sobre anistia na CCJ eleva pressão de bolsonaristas sobre Motta

Deputados de oposição passaram a exigir uma sinalização clara de apoio de Motta à pauta de anistia

Vista aérea da Esplanada dos Ministérios em Brasília-DF, localizada no Eixo Monumental, via que corta o Plano Piloto no sentido leste-oeste
Vista aérea da Esplanada dos Ministérios em Brasília-DF, localizada no Eixo Monumental, via que corta o Plano Piloto no sentido leste-oeste

Nesta quarta-feira (11), a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados não conseguiu votar o projeto de anistia aos golpistas presos por atos democráticos de 8 de Janeiro.

Esse impasse gerou uma crescente pressão sobre Hugo Motta (Republicanos-PB), escolhido por Arthur Lira (PP-AL) como candidato à presidência da Câmara dos Deputados, informou o blog do colunista Paulo Cappelli, do site Metrópoles.

Deputados de oposição passaram a exigir uma sinalização clara de apoio de Motta à pauta de anistia.

Como surgiu a candidatura de Hugo Motta e como o parlamentar necessita do Centrão unido

Hugo Motta foi indicado por Arthur Lira para sucedê-lo na presidência da Câmara, com o suporte tanto do PL de Jair Bolsonaro quanto do PT de Luiz Inácio Lula da Silva.

Apesar de Bolsonaro já ter declarado sua intenção de seguir o apoio a Lira, uma ala do PL manifestou descontentamento com a falta de compromisso claro de Motta em relação à anistia.

Essa ausência de sinalização levou alguns membros do partido a considerar a possibilidade de lançar um candidato próprio à presidência da Câmara.

Nos bastidores, deputados de direita promovem as candidaturas de Bia Kicis (PL-DF) e Marcel Van Hattem (Novo-SC) como alternativas viáveis.

A movimentação busca pressionar Motta a alinhar-se mais claramente com as demandas do PL.

Como surgem os rivais de Motta

A eventual candidatura de um nome da direita serve como uma estratégia para pressionar Hugo Motta e equilibrar a balança de poder no Centrão, detalha Cappelli.

O apoio do PL, que possui a maior bancada na Câmara com 92 deputados, se tornou um fator crucial para a eleição de Motta.

No entanto, a falta de alinhamento pode comprometer a sua candidatura.

Na quarta-feira (11), Motta celebrou seu aniversário e almoçou com Arthur Lira (PP-AL) e os líderes do PL e do PT, Altineu Cortes (RJ) e Odair Cunha (SP).

O encontro foi um passo formal para confirmar a escolha de Motta como candidato.

Apesar da articulação de Lira com o presidente Lula para apoiar Motta, a escolha revelou-se arriscada.

A desistência de Marcos Pereira (SP) do Republicanos e a escolha de Motta como candidato levaram os outros dois concorrentes a formar uma aliança.

Elmar Nascimento (União Brasil-BA) e Antônio Brito (PSD-BA) decidiram se unir, e conquistaram o apoio de aproximadamente 200 deputados.

Riscos de derrota do grupo de Lira podem complicar a governabilidade de Lula

Com a aliança formada por Elmar Nascimento e Antônio Brito, Motta conta com o suporte dos partidos Republicanos, PP, PL e PT, e totaliza cerca de 250 votos.

No entanto, a perda de apoio do PL pode reduzir a base de apoio de Motta para aproximadamente 160 votos, o que colocaria sua candidatura em risco, especialmente em um possível segundo turno.

A eleição para a presidência da Câmara dos Deputados está marcada para fevereiro do próximo ano.