O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) considera a remoção do sindicalista João Fukunaga do comando da Previ, o fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil (BBAS3). A hipótese tem sido motivada por desgastes na gestão e preocupações com a conduta do sindicalista no cargo, informou a CNN Brasil.
De acordo com interlocutores do governo, Lula manifestou insatisfação com Fukunaga desde o ano de 2023, especialmente devido a polêmicas que envolvem a Previ. Um dos principais pontos de desgaste trata-se da investigação sobre um déficit bilionário no fundo, atualmente em auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU).
O relatório técnico preliminar foi concluído na semana passada.
Outro fator de preocupação são as ligações de Fukunaga com o advogado Tiago Cedraz, filho do ministro do TCU, Aroldo Cedraz. O advogado, investigado na Operação Lava Jato por suspeitas de tráfico de influência, teria viajado ao exterior com Fukunaga.
Assessores presidenciais chegaram a alertar o sindicalista sobre a inconveniência dessa proximidade.
As viagens internacionais de Fukunaga geraram questionamentos dentro do PT, e integrantes do partido apontaram incompatibilidade entre sua agenda e suas funções no comando da Previ.
Mas petistas se articulam para manter Fukunaga na Previ
Diante da insatisfação do presidente, aliados de Fukunaga têm buscado apoio para mantê-lo no cargo. Entre os articuladores destaca-se João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT e sindicalista.
As críticas à gestão de Fukunaga se intensificaram com a divulgação do rombo de R$ 17,6 bilhões no Plano 1, o principal do fundo, em 2024.
No mês passado, o TCU aprovou a abertura de uma auditoria nas contas da Previ, conduzida por sua área técnica. O relator, ministro Walton Alencar, garantiu celeridade no processo.
Após a conclusão, o relatório vai ser submetido ao plenário. Na ocasião, Alencar afirmou que a auditoria busca “ avaliar toda a governança corporativa da Previ e os processos decisórios relacionados aos investimentos do fundo“.
Além da investigação do déficit, pensionistas questionam a gestão de Fukunaga. A Associação dos Participantes e Assistidos da Previ e Cassi (Apaprevi) critica a rapidez na nomeação do sindicalista e contesta decisões de investimento.
Investimentos são escrutinados
Um dos pontos de questionamento diz respeito a compra de ações da Vibra Energia (VBBR3)(ex-BR Distribuidora), que contrariaria a política da Previ de reduzir sua exposição em renda variável.
A auditoria do TCU examina mudanças nos critérios de seleção para conselheiros em companhias investidas pelo fundo.
De acordo com a análise preliminar, os critérios anteriores privilegiavam experiência profissional e formação acadêmica, mas foram alterados, o que permitiu a indicação de candidatos que não atendiam aos requisitos anteriores.
A Previ se destaca como o maior fundo de pensão do Brasil, com R$ 270 bilhões em investimentos, de acordo com dados de agosto da Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp).
A CNN Brasil tentou contato com João Fukunaga para comentar as críticas, mas não obteve resposta.