A vitória de Donald Trump para um novo mandato na Casa Branca, decretada nesta quarta-feira (6), com direito ao controle do Senado pelos republicanos, foi comemorada com entusiasmo pela direita brasileira e acendeu preocupações no governo Lula.
Isso porque, para além de um tema de relações internacionais, a nova ascensão de Trump representa um potencial terremoto político interno para o Brasil, com desdobramentos que podem reverberar até as eleições de 2026.
No círculo próximo a Lula, o clima é de cautela, conforme apuração do jornal Folha de S.Paulo.
Auxiliares avaliam que o triunfo de Trump e o fortalecimento da direita nos EUA podem injetar ânimo renovado no bolsonarismo, assim, ressuscitando o movimento conservador com um ímpeto que ameaçava esfriar.
Para os seguidores de Bolsonaro, Trump é mais que um aliado, é um símbolo. Ainda na madrugada, o ex-presidente brasileiro não perdeu tempo: parabenizou seu ídolo americano, chamando-o de “guerreiro ressurgido” e vítima de “injustificável perseguição eleitoral”.
A festa conservadora ganhou coro no Brasil. Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo e um dos nomes fortes da direita, celebrou ao amanhecer desta quarta-feira (6): “Começamos o dia celebrando a vitória do conservadorismo, do patriotismo, da prosperidade”.
Com o olho no Planalto para 2026, Tarcísio deixou claro seu alinhamento à corrente de Trump.
No entanto, o que realmente inquieta o Planalto é o papel que Elon Musk pode desempenhar nessa nova era.
O bilionário – que teve uma disputa acalorada com o ministro Alexandre de Moraes do STF, culminando na suspensão da rede X no Brasil – surge agora como uma figura influente na esfera de Trump.
Em uma troca de farpas, Musk chegou a acusar Moraes de agir como “ditador do Brasil” e afirmou que o ministro “mantém Lula sob coleira”.
A preocupação do governo é que Bolsonaro, com suas conexões e admiração declarada por Trump, consiga transformar a relação com os EUA em uma ponte para a expansão de sua própria agenda ideológica no Brasil. Pior: essa proximidade pode ser usada para dar legitimidade internacional às críticas que bolsonaristas fazem ao Judiciário brasileiro, com especial foco em Moraes.
Em um gesto de diplomacia, Lula, por sua vez, parabenizou Trump pela vitória, mencionando “diálogo e trabalho conjunto” entre os países, mas sabe que o desafio será manter esse tom de colaboração enquanto, nos bastidores, as peças se movem para uma polarização ainda mais acirrada na política brasileira.