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Milei assume presidência com promessa de choque econômico para zerar déficit na Argentina

Em seu discurso de posse, novo presidente prometeu "forte ajuste nas contas públicas" e criticou a "herança" do governo anterior, do peronista Alberto Fernández

Javier Milei - Ilan Berkenwald/Flickr
Javier Milei - Ilan Berkenwald/Flickr

O novo presidente da Argentina, Javier Milei tomou posse no último domingo (10) para um mandato de quatro anos sob o desafio de solucionar uma profunda crise econômica e construir alianças para garantir a governabilidade. Em seu discurso de posse, afirmou que "Não há dinheiro" e que vai promover "um tratamento de choque" na economia do país.

Ele afirmou ainda que "não há espaço para o gradualismo", prometeu "forte ajuste nas contas públicas" e criticou a "herança" do governo anterior, do peronista Alberto Fernández

Na ocasião, Milei inovou ao não falar com congressistas após receber a faixa presidencial e realizar seu discurso do lado de fora, nas escadarias do Congresso.

O discurso, conhecido até então apenas por seu círculo mais próximo, repetiu jargões de campanha e do pronunciamento de vitória em novembro. Desta vez, porém, o libertário atacou o antecessor, sem citá-lo. "Muito se fala da herança que vamos receber. Nenhum governo recebeu uma herança pior do que a que nós estamos recebendo."

Milei receberá uma inflação três vezes maior do que os dois governos anteriores, aponta economistas. A situação se assemelha apenas a 2001, quando a crise do corralito provocou a fuga do presidente argentino Fernando de La Rúa em um helicóptero da Casa Rosada e o país teve uma sequência de cinco presidentes em 12 dias.

"Não há alternativas ao ajuste e ao choque. Naturalmente, isso terá um impacto negativo no nível de atividade, no emprego, nos salários reais, no número de pobres e de indigentes. Haverá estagflação, mas não é muito diferente dos últimos 12 anos", disse Milei. "Em curto prazo, a situação vai piorar, mas depois veremos os frutos dos nossos esforços."

Como primeiro ato, ele nomeou seu gabinete ministerial e cumpriu a promessa de campanha de cortar ministérios.

Nove ministros foram empossados em uma cerimônia fechada, ante 18 do governo anterior. Nesta segunda-feira (11), as primeiras medidas econômicas, com objetivo de "déficit zero", devem ser publicadas.