O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), voltou atrás na decisão de nomear seu vice, o coronel Mello Araújo (PL), indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, como secretário.
Antes de iniciar o segundo mandato, Nunes havia anunciado que Mello Araújo comandaria a Secretaria Executiva de Projetos Estratégicos.
Contudo, o prefeito manteve Edsom Ortega na Pasta, ressaltando que o vice terá um papel estratégico no governo, sem necessariamente ocupar um cargo de secretário.
“É uma pessoa que vai estar do meu lado todos os dias, acompanhando, participando, ajudando e atuando na gestão. A questão de ter a função ou não, isso não interfere no trabalho que vai desenvolver. Ele será o responsável pelas ações estratégicas da Prefeitura de São Paulo”, afirmou Nunes durante coletiva de imprensa.
Mello Araújo, que estava ao lado do prefeito, preferiu não comentar a decisão. Com o recuo, o PL de Bolsonaro, partido do vice-prefeito, ficou com apenas duas Pastas: a Secretaria de Verde e Meio Ambiente e a Secretaria Executiva de Desestatização e Parcerias.
Fortalecimento do MDB e agenda liberal
Enquanto o PL de Bolsonaro perde espaço, o MDB de Nunes ganhou protagonismo na nova gestão.
O partido ocupará ao menos seis secretarias, incluindo a Casa Civil, comandada por Enrico Misasi, presidente do diretório municipal do MDB, e outras Pastas estratégicas, como Habitação, Cultura, Gestão, e Direitos Humanos e Cidadania.
Nunes reforçou a defesa de uma agenda liberal, com foco em privatizações e parcerias público-privadas (PPPs).
Ele criticou a esquerda por questionar o programa de concessões que inclui desde cemitérios até a gestão de escolas públicas. “Estamos mostrando que o nosso modelo liberal é o correto. As concessões e PPPs têm dado resultados positivos”, afirmou o prefeito.
Entre os planos para o novo mandato, Nunes destacou a concessão de 50 escolas públicas para a iniciativa privada, além de expandir as parcerias para reformas nas unidades educacionais.
No primeiro mandato, ele enfrentou críticas sobre as concessões de cemitérios, devido aos altos preços cobrados pelas concessionárias e à zeladoria deficitária.
Secretariado com nomes de peso e pouca representatividade feminina
O secretariado de Nunes conta com quatro ex-prefeitos: Luiz Fernando Machado (Jundiaí), Orlando Morando (São Bernardo do Campo), Rogério Lins (Osasco) e Rodrigo Ashiuchi (Suzano).
Machado assumirá a Secretaria Executiva de Desestatização e Parcerias, enquanto Morando comandará a Justiça, Lins ficará com Esportes e Lazer, e Ashiuchi estará à frente da Secretaria de Verde e Meio Ambiente.
No entanto, a nova gestão enfrenta críticas pela baixa representatividade feminina. Apenas 25% das secretarias serão lideradas por mulheres, e nenhuma delas está à frente das Pastas com maiores orçamentos.
Entre as nomeações femininas, destaca-se Angela Gandra, ativista conservadora e filha do jurista Ives Gandra, que assumirá a Secretaria de Relações Internacionais.
Angela, que já ocupou o cargo de secretária nacional da Mulher no governo Bolsonaro, é conhecida por sua postura antiaborto e por articular alianças com movimentos ultradireitistas internacionais.
Prioridades de Nunes para os 100 primeiros dias
Ricardo Nunes iniciou seu segundo mandato com metas ousadas para os 100 primeiros dias, como a entrega de três Centros Educacionais Unificados (CEUs) e um corredor de ônibus. Durante o primeiro mandato, o prefeito não concluiu nenhum dos 12 CEUs prometidos no Plano de Metas.
A nova gestão também promete focar em obras inacabadas e intensificar parcerias para melhorar a infraestrutura da cidade, reforçando o compromisso com um modelo de Estado mais enxuto.
Com informações de Valor Econômico.