A possibilidade de uma nova presidência de Donald Trump nos Estados Unidos pode trazer implicações para o mercado de títulos do Tesouro.
De acordo com a economista-chefe da TS Lombard, Freya Beamish, o perigo não está em um aumento nos déficits fiscais, mas nas pressões inflacionárias advindas de políticas que elevem os custos.
Em uma nota divulgada nesta sexta-feira (25), intitulada “A crise fiscal errada”, Beamish alerta que o impacto de uma presidência Trump poderia causar choques de inflação e não apenas em mais endividamento público.
Rendimento dos títulos sob possibilidade de Trump
Nas últimas semanas, os títulos do Tesouro dos EUA, especificamente os de 10 anos, tiveram uma alta de cerca de 60 pontos-base, impulsionados por dados econômicos robustos, que levaram investidores a repensarem o ritmo de corte das taxas de juros do Federal Reserve.
As preocupações se ampliaram com a possibilidade de que políticas de Trump, como redução de impostos e aumentos de gastos, venham a ampliar o déficit fiscal, obrigando o governo a emitir mais títulos, o que o mercado pode ter dificuldade em absorver.
Segundo publicação do MarketWatch, o contexto poderia levar ao aumento do chamado “prêmio de prazo” — o adicional de rendimento que investidores exigem para manter títulos de longo prazo em comparação aos de curto prazo.
No entanto, Beamish sugere que o aumento nos rendimentos dos títulos pode fazer com que os investidores migrem.
“Traçar mudanças na proporção de receitas orçamentárias para despesas em relação a mudanças no prêmio de prazo revela uma mancha sem sentido”, afirmou.
Notícias Relacionadas
Inquérito finalizado
Bolsonaro e Braga Netto devem ser indicados pela PF por tentativa de golpe de Estado, diz colunista
Fontes próximas à investigação confirmaram à Míriam Leitão, do jornal O Globo, que “ninguém fica impune” diante dos elementos apurados até o momento
Eleições
OAB-SP define futuro da advocacia paulista em votação online
O pleito define os representantes da entidade pelos próximos três anos, em uma eleição marcada por debates acalorados, ataques pessoais e acusações de interferências políticas e ideológicas
Ela ainda completou que “isso não significa que nunca haja qualquer relação”.
“Significa apenas que os orçamentos precisam ser avaliados caso a caso para ver se alguma expansão específica ou falha em reduzir aumenta a necessidade de empréstimo ex ante em comparação com o desejo de economizar. E se sim, em quanto”, completou.
Impacto das políticas nos multiplicadores econômicos
Beamish explora o princípio dos multiplicadores econômicos para mostrar como cortes de impostos ou aumentos de gastos podem influenciar tanto a economia quanto o mercado de títulos.
Segundo ela, políticas com multiplicadores elevados, nas quais o dinheiro é mais gasto que poupado, podem intensificar o impacto sobre os rendimentos dos títulos.
Por outro lado, “políticas de multiplicadores baixos significam que uma proporção maior dos fundos provavelmente será economizada, silenciando o efeito sobre os rendimentos”.
Se os cortes de impostos propostos por Trump beneficiarem principalmente as faixas de alta renda, uma parcela considerável dessa renda adicional tende a ser canalizada para investimentos em títulos, o que, paradoxalmente, poderia reduzir o rendimento dos mesmos.
“Em contraste, políticas que direcionam renda para aqueles com menor propensão marginal a consumir têm mais probabilidade de aumentar os rendimentos de forma sustentável, porque menos do aumento do déficit é automaticamente financiado pela poupança dos rendimentos”, destacou.
Por outro lado, as eleições dos Estados Unidos podem influenciar o mercado de criptomoedas positivamente. Saiba mais sobre os criptoativos no MyCryptoChannel.
