Políticas financeiras

O que são emendas parlamentares e como elas são utilizadas?

Descubra como funcionam as emendas parlamentares, seus diferentes tipos e o impacto que têm na destinação de recursos públicos no Brasil.

O que são emendas parlamentares?
O que são emendas parlamentares? | Foto/Waldemir Barreto/Agência Senado

As emendas parlamentares desempenham um papel crucial na administração pública brasileira, funcionando como um mecanismo que permite aos deputados federais e senadores ajustarem o orçamento federal para atender às demandas específicas de suas bases eleitorais. Por meio delas, é possível direcionar recursos para áreas como saúde, educação e infraestrutura, promovendo melhorias em municípios e estados de todo o país.

Contudo, o tema também gera debates sobre transparência, fiscalização e possíveis usos políticos. Neste artigo, você entenderá o que são as emendas parlamentares, como funcionam, seus diferentes tipos e os impactos que elas têm na gestão pública.

O que são emendas parlamentares?

As emendas parlamentares são instrumentos que permitem aos deputados federais e senadores alterarem a proposta de lei orçamentária enviada pelo Poder Executivo. Essas mudanças servem para direcionar recursos do orçamento público para projetos, obras ou ações de interesse das bases eleitorais dos parlamentares. Na prática, elas buscam atender demandas locais, beneficiando municípios, estados ou regiões específicas.

De acordo com a legislação, as emendas são fundamentais para garantir a descentralização dos recursos públicos, permitindo que parlamentares tenham voz no planejamento orçamentário. A princípio, elas são vistas como uma forma de equilibrar as prioridades do governo federal e as necessidades locais, aproximando a gestão pública dos cidadãos.

Diferença entre convênios e contratos de repasse

Os gestores executam os recursos das emendas por meio de convênios ou contratos de repasse para que cheguem ao destino final. Apesar de ambos os mecanismos garantirem a transferência de verbas, há diferenças importantes entre eles.

O governo federal firma convênios com entes públicos ou privados sem fins lucrativos para executar ações de interesse público. Já os contratos de repasse envolvem o repasse dos recursos por um intermediário, geralmente uma instituição financeira pública, como a Caixa Econômica Federal ou o Banco do Brasil. Este modelo é utilizado para facilitar a execução de projetos mais complexos.

Quais são os tipos de emendas?

Podemos classificar as emendas parlamentares em quatro categorias principais:

  1. Emendas individuais: propostas por um único parlamentar, com execução obrigatória desde 2015, conforme a Emenda Constitucional nº 86. Os gestores devem aplicar os recursos em áreas prioritárias, como saúde e educação;
  2. Emendas de bancada: apresentadas por grupos de parlamentares de um mesmo estado ou região, visando atender demandas coletivas de suas localidades;
  3. Emendas de comissão: propostas por comissões permanentes do Congresso Nacional, geralmente voltadas para setores específicos, como infraestrutura ou meio ambiente;
  4. Emendas do relator: conhecidas como “RP9” ou “orçamento secreto“, essas emendas são apresentadas pelo relator do orçamento e têm gerado debates sobre transparência na sua destinação.

O que são as emendas individuais?

As emendas individuais são uma das formas mais comuns de alocação de recursos. Cada parlamentar indica como aplicar uma parcela do orçamento federal. O governo deve liberar os recursos dessas emendas, desde que cumpram os critérios legais e orçamentários.

Elas têm um papel importante para atender demandas específicas, como a construção de escolas, pavimentação de ruas e compra de equipamentos hospitalares. Apesar disso, críticos apontam possíveis usos eleitoreiros, que visam fortalecer a imagem do parlamentar junto à sua base eleitoral.

Quais são as principais fontes de consulta sobre o assunto?

Para entender o funcionamento e a aplicação das emendas parlamentares, é possível consultar diversas fontes confiáveis. Entre elas:

Quanto dinheiro pode ser destinado em emendas?

O valor destinado às emendas parlamentares varia a cada ano e depende do orçamento total aprovado pelo Congresso. Em 2024, por exemplo, o valor global ultrapassou a marca de R$ 20 bilhões. As emendas individuais têm um limite específico, dividido igualmente entre os parlamentares, enquanto as emendas de bancada e do relator seguem critérios diferentes, relacionados às prioridades coletivas.

Quem fiscaliza para onde vão os recursos?

Diferentes órgãos e instâncias realizam a fiscalização das emendas parlamentares. Entre eles, destacam-se:

Além disso, o próprio Congresso Nacional exerce função fiscalizadora, por meio das comissões permanentes e temporárias. A sociedade também desempenha um papel relevante nesse processo, com o uso de plataformas como o Portal da Transparência, que promove o controle social sobre os gastos públicos.

As emendas parlamentares equilibram o pacto federativo ao atender demandas locais. Contudo, os gestores públicos precisam assegurar transparência, realizar fiscalizações rigorosas e agir com responsabilidade para aplicar os recursos públicos de forma eficiente e ética.