Política

PGR pede que STF barre viagem de Bolsonaro aos EUA para posse de Trump

Procurador-geral da República afirma que viagem seria de interesse privado e não justifica devolução do passaporte retido

Reprodução: Wilson Dias/Agência Brasil
Reprodução: Wilson Dias/Agência Brasil

O procurador-geral da República, Paulo Gonet, recomendou nesta quinta-feira (15) que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), negue o pedido do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para viajar aos Estados Unidos.

Bolsonaro solicitou a devolução temporária de seu passaporte, que foi retido pela Justiça no âmbito da Operação Tempus Veritatis.

Bolsonaro havia informado que o motivo da viagem aos EUA seria participar da posse do presidente eleito Donald Trump, entre os dias 17 a 22 de janeiro de 2025.

A petição apresentada pela defesa incluía um e-mail como convite para o evento, mas não trouxe detalhes completos sobre a programação.

Segundo o parecer de Gonet, a viagem seria motivada por interesse privado, sem caráter essencial que justifique a exceção à medida cautelar imposta.

A cautela se baseia, portanto, em razão de ordem pública, com o objetivo de preservar substancial interesse público no contexto de investigações criminais de que resultou, escreveu o procurador-geral.

Passaporte retido por ordem judicial

O passaporte de Jair Bolsonaro foi apreendido em fevereiro de 2024, após decisão do ministro Alexandre de Moraes.

A medida ocorreu no âmbito da Operação Tempus Veritatis, que investiga o envolvimento do ex-presidente em uma tentativa golpista para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2022.

No final de 2024, Bolsonaro foi indiciado pela Polícia Federal (PF) por crimes como organização criminosa, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e planejamento de golpe de Estado.

A retenção do passaporte foi confirmada em diferentes instâncias do STF e visa evitar a saída do ex-presidente do Brasil, e garante o andamento das investigações e eventual cumprimento de medidas judiciais.

Viagem de Bolsonaro aos EUA foi considerada desnecessária

A PGR argumentou que não existem elementos no pedido que justifiquem a devolução do passaporte, nem interesse público relevante. A viagem desejada pretende satisfazer interesse privado do requerente, que não se entremostra imprescindível, destacou Gonet.

Para o procurador-geral, o pedido esbarra na falta de necessidade urgente ou impositiva.

Além disso, a ausência de Bolsonaro na cerimônia não prejudicaria o evento ou traria prejuízo significativo.

Decisão final cabe a Alexandre de Moraes

Cabe agora ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidir se acata ou não o parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR).

Até o momento, as restrições impostas a Bolsonaro, como a retenção de seu passaporte, permanecem válidas e foram confirmadas em decisões anteriores da Suprema Corte.