Política

Jean Paul Prates relaciona demissão da Petrobras a influência de Alexandre Silveira

Prates também criticou interferências no comando da estatal

Jean Paul Prates - Crédito: Jefferson Rudy / Agência Senado
Jean Paul Prates - Crédito: Jefferson Rudy / Agência Senado

Ex-presidente da Petrobras, Jean Paul Prates afirmou em entrevista ao jornal O Globo que o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, teve papel determinante em sua demissão do comando da estatal, ocorrida em maio.

Segundo Prates, Silveira influenciou diretamente o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para realizar a troca no cargo.

Prates relatou incômodo com a presença de Silveira durante a reunião com Lula na qual foi comunicado sobre sua exoneração.

Ele destacou o poder exercido pelo ministro sobre a Petrobras por meio dos conselheiros indicados, incluindo o presidente do conselho de administração da companhia.

“Alguns conselheiros começaram a dificultar deliberadamente as coisas. Quando colocávamos pautas para avançar, não evoluíam, e o próprio presidente do conselho dizia: ‘Você tem que falar com o ministro’. Isso é absurdo, porque a Petrobras é vinculada ao Ministério de Minas e Energia, mas não é subordinada a ele” afirmou Prates.

Críticas de Prates à gestão e à transição energética

Prates também comentou sobre sua sucessora, Magda Chambriard. Ele afirmou que sua gestão adotou uma postura mais “comedida” em relação à transição energética e lamentou a falta de clareza na política energética da estatal.

“Está claro que a política energética é influenciada por quem tem mais prestígio junto às autoridades. Isso pode distorcer o processo natural de transição energética” disse.

Ele ainda destacou que esperava o aval do Ibama para explorar petróleo na Margem Equatorial até outubro, após conversas com a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho.

Até agora, a licença não foi concedida.

Futuro profissional e relação com o PT

Apesar de ser filiado ao PT, Prates afirmou que não pretende disputar cargos políticos e revelou que não recebeu convites para atuar em outras funções públicas desde sua saída da Petrobras.

Ele também destacou a falta de apoio de membros do partido após sua exoneração.

“A forma como tudo aconteceu foi tão bem elaborada que deve ter gerado desconfiança. Não roubei, não traí o presidente. Conto nos dedos de uma mão os membros do PT que me ligaram e se mantiveram como amigos até agora” concluiu.

Prates encerrou sua fala reforçando sua frustração com os bastidores da política e da gestão pública, mas afirmou que segue comprometido com suas convicções e com a defesa de uma transição energética sustentável.

Com informações de Valor Econômico.