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Trump amplia guerra tarifária pelo mundo, mas Brasil escapa. Por quanto tempo?

Especialistas explicam os riscos e possíveis impactos econômicos

Donald Trump
Donald Trump | Foto/Win McNamee / Getty

Apesar da escalada de tarifas contra grandes parceiros comerciais dos Estados Unidos, o Brasil ficou de fora da nova rodada de taxações impostas pelo governo de Donald Trump.

No entanto, especialistas alertam que o país não está completamente livre de riscos e pode sentir impactos econômicos indiretos dessa medida protecionista.

Guerra tarifária de Trump se intensifica

A imposição de tarifas sobre importados sempre foi uma promessa de campanha de Trump e se tornou uma marca de seu governo.

Na mais recente ofensiva, o presidente anunciou um aumento de 25% sobre produtos do Canadá e do México, além de um adicional de 10% nas taxas aplicadas a produtos chineses. A União Europeia já foi citada como o próximo alvo do republicano.

Esses países representam mais de 40% das importações americanas, que somaram cerca de US$ 3 trilhões até novembro de 2024.

Em resposta, Canadá e México negociaram uma suspensão temporária das tarifas, enquanto a China retaliou com novas taxas contra produtos dos EUA. A União Europeia busca um acordo diplomático para evitar um confronto comercial direto.

Brasil fora da lista – mas até quando?

Apesar de ser o segundo maior destino das exportações brasileiras, os Estados Unidos importaram apenas US$ 38,5 bilhões em produtos do Brasil até novembro de 2024.

Isso representa cerca de 1,3% do total de importações americanas, um percentual pequeno em comparação com os parceiros comerciais prioritários dos EUA.

Trump já criticou o Brasil anteriormente, alegando que o país impõe tarifas elevadas a seus parceiros comerciais. No entanto, especialistas apontam que, por enquanto, o Brasil não é uma prioridade na política comercial agressiva do republicano.

No entanto, há riscos no horizonte. Uma das possibilidades é a implementação de uma tarifa universal sobre importados, medida mencionada pelo secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent.

O plano prevê um imposto inicial de 2,5%, que poderia aumentar gradualmente para pressionar países a renegociarem suas relações comerciais com os americanos.

Além disso, Trump pode adotar uma estratégia de ameaças pontuais para obter vantagens em negociações bilaterais, como já fez em outros momentos. Caso isso aconteça, setores exportadores brasileiros podem enfrentar novos desafios.

Mesmo que o Brasil continue isento das tarifas americanas, a guerra comercial promovida por Trump pode trazer efeitos econômicos indiretos.

Um dos principais riscos é o aumento da inflação nos Estados Unidos, o que poderia levar o Federal Reserve (Fed) a subir as taxas de juros para conter a alta dos preços.

Esse movimento fortaleceria o dólar e poderia pressionar a inflação no Brasil, levando a um possível aumento nos juros internos.

Outro fator preocupante é a possibilidade de que produtos chineses, barrados nos Estados Unidos, sejam despejados em outros mercados a preços reduzidos.

Isso poderia afetar diretamente a competitividade da indústria brasileira, aumentando a concorrência com produtos estrangeiros baratos.

Com informações de G1.