Risco ignorado

Trump celebra tarifas e ignora possível recessão: “Recebemos bilhões por semana dos nossos abusadores”

Enquanto mercados globais afundam, presidente dos EUA comemora quedas no petróleo e inflação como vitória de sua política comercial agressiva

Trump
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Em meio a um turbilhão nos mercados financeiros globais, o presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, recorreu nesta segunda-feira (7) à sua rede social, a Truth Social, para defender sua política de tarifas globais, ao celebrar os primeiros frutos: a queda do preço do petróleo, juros mais baixos e uma inflação sob controle.

“O preço do petróleo está baixo, as taxas de juro estão baixas (o devagar FED deveria cortar as taxas), o preço dos alimentos está baixo, não há inflação, e os EUA, por muito tempo abusados, estão recebendo bilhões de dólares por semana de seus abusadores pelas tarifas vigentes”, escreveu Trump na publicação, em tom de vitória.

O movimento tarifário, que incluiu aumentos agressivos como 34% para produtos chineses, 20% para itens da União Europeia e 24% para o Japão, tem gerado preocupações em cadeia.

Na prática, a queda do petróleo — comemorada pelo presidente — reflete a percepção dos investidores de que a demanda global pode esfriar diante de um cenário recessivo iminente. As bolsas globais, inclusive, reagiram de forma dramática.

Diante disso, Trump comparou as tarifas a um “remédio necessário”:
“Você tem que tomar para consertar algo”, disse ele, minimizando o impacto imediato das medidas e dobrando a aposta em sua estratégia.

Sem sinais de trégua, o presidente afirmou que só aceitará negociar com os países afetados se houver pagamentos “muito altos” aos EUA.

“Conversei com líderes da Europa e da Ásia neste fim de semana. Mas não há negociação sem grandes somas na mesa”, escreveu, reafirmando sua retórica de “America First”.

O que está em jogo

Especialistas alertam que a postura beligerante dos EUA pode acelerar uma desaceleração econômica global.

Ao mesmo tempo, a insegurança causada pelas tarifas já está se refletindo no desempenho de ativos de risco — como as criptomoedas — e pressionando cadeias de suprimento.

Recentemente, o Goldman Sachs elevou a probabilidade de recessão nos EUA de 35% para 45% após o anúncio de novas tarifas pelo governo Trump, com início previsto para 9 de abril.

O banco também reduziu sua previsão de crescimento do país em 2025 de 1,5% para 1,3% e projeta cortes de até 2 pontos percentuais nos juros, caso o cenário piore.

Já o J.P. Morgan estima 60% de chance de recessão, prevendo impactos inflacionários e possíveis retaliações internacionais.