O presidente nacional do Partido Liberal (PL), Valdemar da Costa Neto, comemorou o desempenho da sigla nas eleições municipais, destacando o papel decisivo do ex-presidente Jair Bolsonaro no resultado.
Segundo Valdemar, a influência de Bolsonaro foi fundamental para que dez candidatos do PL tenham avançado ao segundo turno em capitais brasileiras, superando as expectativas.
“Se alguém considerava o Bolsonaro morto, está aí o resultado. Ele é um fenômeno de votos.”, afirmou Valdemar, em entrevista ao jornal O Globo.
A expectativa inicial de Bolsonaro era que o PL tivesse candidatos disputando o segundo turno em quatro capitais (Fortaleza, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Manaus), mas o resultado foi ainda mais positivo, com seis capitais envolvendo candidatos da legenda.
No entanto, o ex-presidente não conseguiu levar seu candidato Alexandre Ramagem ao segundo turno no Rio de Janeiro, onde o atual prefeito Eduardo Paes (PSD) saiu vitorioso.
Força-tarefa e mobilização nacional
Visando fortalecer a campanha para o segundo turno, Valdemar anunciou a criação de uma força-tarefa que contará com a participação dos filhos de Bolsonaro, da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG).
O objetivo é reforçar a campanha nas cidades onde os candidatos do PL estão no segundo turno, principalmente em cenários polarizados contra o PT.
Cuiabá e Fortaleza são exemplos de capitais em que o PL disputará o segundo turno contra candidatos petistas.
Em Cuiabá, Abílio (PL) enfrentará Lúdio Cabral (PT), enquanto em Fortaleza, André Fernandes (PL) enfrentará Evandro Leitão (PT). A expectativa é que Bolsonaro se envolva ativamente nas campanhas, especialmente nesses locais, para impulsionar seus aliados.
Valdemar também destacou o desafio financeiro para o segundo turno, já que o partido não contará com recursos do fundo eleitoral. Para contornar essa limitação, o presidente do PL afirmou que o partido buscará doações para suprir as necessidades de campanha.
Rogério Marinho no comando do PL?
Outro ponto destacado por Valdemar foi a sucessão na presidência do partido. Embora Bolsonaro tenha sugerido publicamente que seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), assumisse o comando da legenda, Valdemar indicou preferência pelo senador Rogério Marinho (PL-RN).
Valdemar elogiou o trabalho de Eduardo Bolsonaro na articulação com lideranças conservadoras internacionais, mas acredita que o parlamentar tem pouco tempo disponível para gerir o partido de maneira efetiva.
Por isso, Valdemar defende que Eduardo assuma um posto específico de embaixador internacional do PL, enquanto ele mesmo continua à frente da sigla. Caso uma troca seja necessária, Valdemar disse que gostaria de ver Rogério Marinho no cargo.
“Se fosse para trocar a presidência do PL, eu ia querer que o cargo ficasse com o Rogério Marinho. Ele é atuante no partido, tem mais tempo. Eduardo visita dois ou três estados por mês, é uma loucura.”, explicou.
Restrições legais
A possibilidade de Valdemar deixar o comando do partido também surgiu em meio a uma restrição legal imposta pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que o proibiu de ter contato com Bolsonaro.
A medida faz parte de uma investigação sobre a suposta tentativa de golpe de estado envolvendo ambos. Por essa razão, Bolsonaro tem articulado suas conversas com Valdemar por meio de Eduardo.
Apesar das especulações sobre a troca de comando, Valdemar indicou que, por ora, pretende continuar à frente do partido, reforçando o desejo de manter Rogério Marinho como seu sucessor se eventualmente deixar o cargo.
Eduardo Bolsonaro também já demonstrou interesse em assumir a presidência do PL, mas afirma que ainda precisa discutir o tema com seu pai e com Valdemar.