Críticas reiteradas

Vale (VALE3): “direção atual só quer saber de vender ativos”, diz Lula

Postura seria, para o petista, uma negligência ao desenvolvimento e novas oportunidades para a empresa

O vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin, o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, e a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, durante reunião com parlamentares das bancadas aliadas na sede do governo de transição no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB).
O vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin, o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, e a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, durante reunião com parlamentares das bancadas aliadas na sede do governo de transição no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB).

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou severamente a atual administração da Vale (VALE3), liderada por Eduardo Bartolomeo, em entrevista à Rádio Vitoriosa, de Minas Gerais (MG).

Sem citar diretamente o executivo, Lula acusou a gestão da mineradora de focar exclusivamente na “venda de ativos”, o que seria, para o petista, uma negligência ao desenvolvimento e novas oportunidades para a empresa.

Expectativas para a nova direção

Com a iminente mudança na liderança da Vale, Lula expressou sua expectativa de que a nova administração, na direção de Gustavo Pimenta, atual vice-presidente-executivo de Finanças e de Relações com Investidores, adote uma postura mais “cuidadosa”.

Em suas declarações, o presidente salientou a necessidade de uma visão mais voltada para o crescimento sustentável da companhia.

“Eu espero que a nova direção da Vale seja mais cuidadosa, pense mais no desenvolvimento da Vale, porque a direção atual só quer saber de vender ativos. Não quero saber de fazer novas pesquisas, de ter novos minerais”.

Como se movimenta a Vale em acordos sobre tragédias ambientais

Lula também abordou a questão dos acordos relacionados às tragédias de Mariana e Brumadinho, em Minas Gerais (MG), que envolveram a Vale (VALE3).

De acordo com o presidente, o governo federal está próximo de fechar um acordo para que a empresa compense os danos causados por esses desastres ambientais.

A tragédia de Mariana, em 2015, resultou no rompimento da barragem do Fundão, controlada pela Samarco, uma joint venture da Vale com a BHP Billiton, e deixou dezenove mortos.

Já o rompimento da barragem da Mina Córrego do Feijão, da Vale (VALE3), em janeiro de 2019, resultou em mais de duzentas mortes.

Lula informou que a conclusão do acordo deve ocorrer até o início de outubro.

“Até o começo de outubro a gente vai resolver a questão do acordo com a Vale para resolver o problema de Mariana e de Brumadinho. […] uma coisa que se arrasta há 10 anos, vários compromissos, tentativa de fazer acordo, decisões judiciais, e a Vale não cumpre. Agora, vai ter que cumprir”.

Lula se reúne com o governador do Espírito Santo

Nesta semana, Lula se reuniu com o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), no Palácio do Planalto, para discutir os termos do acordo com a Vale (VALE3).

Casagrande revelou que o acordo deve girar em torno de R$ 100 bilhões, destinados à recuperação das áreas afetadas em Minas Gerais (MG) e no Espírito Santo (ES)

Inclusão da duplicação da BR-262

Durante a reunião, o governador também solicitou ao governo federal que o acordo inclua o financiamento da duplicação da BR-262, uma importante rodovia que conecta Minas Gerais (MG) ao Espírito Santo (ES) e passa perto da Bacia do Rio Doce, afetada pela tragédia de Mariana.

Casagrande explicou que, embora a questão dos municípios litorâneos e pescadores já tenha sido resolvida, a duplicação da BR-262 ainda não foi incorporada ao acordo.

O que responde a Vale

Em resposta aos comentários de Lula e às negociações em andamento, a Vale afirmou, por meio de uma nota oficial, que continua engajada no processo de mediação conduzido pelo Tribunal Regional Federal da 6ª Região (TRF-6).

A empresa destacou que as discussões seguem os princípios de mediação e reiterou seu compromisso com as ações de compensação relacionadas ao rompimento da barragem de Fundão.

A nota ressaltou que a Vale busca um acordo justo para as partes afetadas e para o meio ambiente.

“A empresa reitera que as tratativas sobre o tema ocorrem exclusivamente no âmbito do processo de mediação, de acordo e em observância aos princípios norteadores desse tipo de método de solução de conflitos, sob a liderança do desembargador responsável pela condução do procedimento. A Vale reafirma seu compromisso com as ações de tesouraria e compensação relacionadas ao rompimento da barragem de Fundão, da Samarco.”

Com o cenário em evolução e as expectativas para a nova administração, a situação da Vale segue sob escrutínio enquanto as partes envolvidas buscam resolver as questões pendentes e estabelecer um caminho para a recuperação e o desenvolvimento sustentável.

As informações são do jornal Valor Econômico.