No sábado (10), a Unipar (UNIP6) apresentou uma proposta não vinculante à Novonor e aos principais credores para adquirir indiretamente o controle de Braskem (BRKM5), de acordo com o jornal Valor.
A operação mobilizaria R$ 10 bilhões, com o preço final dependente do desconto (haircut) que pode ser concedido pelas instituições financeiras na renegociação das dívidas.
Pela proposta, a Unipar faria uma OPA (oferta pública de ações) para acionistas minoritários da petroquímica detentores de ações ON (BRKM3) e PN classe A (BRKM5) e classe B (BRKM6), bem como uma oferta para a aquisição de até a totalidade das ações preferenciais classe A (BRKM5) representadas por ADRs e listadas na NYSE.
Na segunda-feira (12), a Braskem (BRKM5) comunicou a seus acionistas, investidores e ao mercado em geral que a Unipar (UNIP6) encaminhou uma proposta não vinculante pelo preço de R$ 36,50 por ação.
Com a concretização da operação, a empresa passaria a deter 34,36% do total de ações de emissão da petroquímica atualmente detida por Novonor, ex-Odebrecht.
A empresa comunicou que vai realizar uma auditoria para confirmar a implementação de condições precedentes e reiterou que não existe qualquer decisão, mesmo que preliminar, tomada a respeito da proposta.
Recomendações
Ágora Investimentos e Bradesco BBI
Por volta de 10:30 desta segunda-feira (12), as ações de Braskem (BRKM5) subiam mais de 9%, ao preço de R$ 27,95, ao passo que os papéis preferenciais classe B de Unipar (UNIP6) avançavam pouco mais de 2%, no valor unitário de R$ 73,54.
Os analistas Ricardo França e Vicente Falanga já tinham opinado que as ações reagiriam positivamente uma vez que a oferta aumenta as chances do acionista PNA (BRKM5) se beneficiar de uma possível transação.
Anteriormente, atribuíram uma chance de 30% dessa transação acionar direitos de tag-along aos acionistas minoritários de PNA (BRKM5), mas com a Unipar agora no jogo a oferecer aos acionistas minoritários a aquisição de suas ações e um pedaço da dívida da Novonor com bancos credores (que
provavelmente seria convertida em ações), as chances aumentaram.
Para não dizer que outras partes interessadas em potencial, como a JBS, poderiam entrar e adoçar a disputa por meio de uma guerra de lances.
Na avaliação de Falanga e França, a Unipar destacou-se por abrir-se para administrar a petroquímica junto com a Petrobras (PETR3)(PETR4) e a Novonor (pelo menos, em um primeiro momento), enquanto a Apollo e ADNOC, pelo menos inicialmente, parecem querer a Braskem como um todo.
Analistas pontuam que resta, neste sentido, saber em que ponto a Unipar conseguiria realmente controlar a Braskem por meio de um novo acordo de acionistas.
Eles veem limitações para a capacidade da Unipar de pagar um prêmio às ações atuais. Além disso, Falanga e França mencionam o recente foco da interessada no negócio cloro-vinílico, com um EBITDA anualizado de R$ 2 bilhões.
“Comprar, por exemplo, metade da posição da Novonor na Braskem (19,2%) e a participação do acionista minoritário (25,6%) a, digamos, um prêmio de 20% em relação aos preços atuais de negociação exigiria que a Unipar captasse R$ 11 bilhões”, calcularam os analistas.
Ágora Investimentos e Bradesco BBI supõem, por exemplo, que a transação seja totalmente financiada via dívida. “Isso se traduziria em uma relação dívida líquida/EBITDA pós-operação proporcional (meio do ciclo) de 3,8x. Nível elevado”, escrevem.
A consolidação de 100% da Braskem melhoraria as coisas marginalmente, mas não muito, na avaliação de Falanga e França. “Isso nos faz acreditar que
o prêmio a ser pago pela Unipar aos atuais preços de tela foi limitado, a menos que a Unipar faça uma oferta de ações considerável”.
O que poderia fazer com que este negócio não fosse concretizado ou não fosse benéfico para os acionistas?
- – i) a oferta da Unipar (UNIP6) não ser atraente o suficiente para bancos e-ou acionistas minoritários;
- – ii) auditoria da Braskem e do incidente de Alagoas não alcançar resultado favorável;
- – iii) a Unipar não obter sucesso ao negociar termos de controle com a Petrobras e a Novonor;
- – iv) a Unipar não conseguir alavancar essa transação financeiramente; e
- – v) a Petrobras exercer seu direito de preferência para comprar a participação da Novonor, com a extensão de 80% da oferta apenas para a acionistas da ON (BRKM3).
Qualquer transação possível levaria tempo para se concretizar, ponderam os analistas.
“Esperamos que as negociações com todos os possíveis licitantes demorem muito. Há muitos detalhes a serem discutidos como controle acionário, fornecimento de matéria-prima, acidente em Alagoas, entre outros assuntos estratégicos”, concluíram.