A Engie (EGIE3) frustrou as expectativas da Genial e XP Investimentos, ao reportar os dados financeiros do quarto trimestre de 2023. As casas projetaram um cenário de expansão nos lucros da companhia, mas receberam um resultado marcado por condições operacionais piores e menor volume de energia vendida.
No período, a Engie apresentou um EBITDA (lucro antes juros) ajustado de R$ 1.464 milhões, 9,4% abaixo do que era estimado pela XP e 1% menor que o aguardado pela Genial.
"Os resultados piores que o esperado podem ser explicados pelo menor EBITDA da trading e pela redução no volume de energia vendida (3.940 MW médios no 4T23 comparado com 4.398 MW médios no 4T22). Esta redução na energia vendida pode ser atribuída à redução no volume de vendas às distribuidoras devido; à venda da subsidiária Pampa Sul e ao menor volume de compras e, consequentemente, menor volume disponível para venda", destacou a XP.
Por outro lado, a Genial observa a boa performance do ativo de gás (TAG) da Engie, que apresentou "bons resultados na linha de equivalência patrimonial (R$217 milhões vs R$192 milhões no 4T22) em contraste com a recente venda de parte de sua participação na empresa à valores pouco interessantes".
"Além disso, citamos também a boa evolução de seus projetos em desenvolvimento, com cronogramas adiantados em relação ao previsto pelo regulador e com capex também abaixo do esperado", acrescentou a Genial.
A dívida bruta atingiu R$ 20,6 bilhões (R$ 2,6 bilhões em circulante) e teve posição de caixa de R$ 5,2 bilhões. A relação dívida líquida/EBITDA ficou em 2,1x, bem abaixo dos seus atuais covenants.
A Engie reportou um Capex de R$ 981 milhões, principalmente relacionado aos seus ativos de geração (projetos eólicos Santo Agostinho e Serra do Assuruá) e transmissão (Novo Estado e Gavião Real).
O endividamento da companhia finalizou o trimestre em 2,1x dívida Líquida/EBITDA 12M, com uma dívida líquida de R$15,3 bilhões.
"Se considerarmos o impacto da venda recente da TAG podemos esperar uma redução ainda maior no próximo trimestre. Assim, a companhia atinge um nível de endividamento confortável e que permite a empresa à adquirir outros ativos, como possivelmente alguns dos ativos da AES Brasil, ou algo no segmento de transmissão, uma vez que a administração olha para esse segmento como o mercado com maior potencial, enquanto a geração ficaria em segundo plano até a melhora na demanda", destacou a Genial.
Diante disso, a XP manteve sua recomendação neutra sobre a EGIE3, com preço-alvo de R$ 46,00 por ação. Em mesma linha, a Genial seguiu com sua recomendação de manter o papel, com preço-alvo de R$ 43,00.