2023 foi um ano conturbado para o mercado de bancos e nos mostrou cada vez mais o quanto o banco vencedor não pode depender apenas do mercado de crédito.
A fraude da Americanas (AMER3) e outros episódios de recuperação judicial, alinhados a um maior endividamento das famílias no pós-pandemia de COVID-19, fizeram com que o mercado ficasse mais avesso ao risco e aumentasse a régua para a concessão de crédito.
Com o obstáculo, ficou cada vez mais claro que os melhores bancos serão os que trouxerem mais rentabilidade em seus negócios, com qualidade de seus empréstimos, inadimplência controlada, uma vasta gama de produtos e serviços, além de um bom múltiplo com visibilidade de resultados.
Alguns resultados decepcionaram a Nord Research em 2023, enquanto outras oportunidades surgiram, como aponta a analista Giulia Nicola.
Na avaliação dela, o Inter (INBR32) entregou novamente resultados surpreendentes no terceiro trimestre, com um crescimento de 49,00% na receita – R$ 1,30 bilhão no trimestre, e lucro líquido recorde de R$ 104 milhões contra o prejuízo de R$ 30 milhões em igual intervalo de 2022.
A analista apontou que o Inter se aproxima cada vez mais do seu guidance para o ano de 2027, de 60 milhões de clientes.
“As melhorias nos processos de originação e concessão de crédito, assim como nos processos de cobranças, de fato causaram um impacto positivo e o Inter foi capaz de manter sua inadimplência (NPL) estável em relação ao trimestre anterior”, apontou.
“Daqui para a frente, esperamos que a companhia consiga diminuir esse número com uma dinâmica positiva na inadimplência de cartão de crédito, uma vez que as safras novas apresentam desempenho melhor do que as mais antigas”, complementa.
A companhia segue o corte da gordura nas despesas, reduziu sua base de colaboradores, renegocia contratos com fornecedores e dispõe de espaço para chegar a um índice de eficiência próximo de 30% no médio prazo, como pretende em seu guidance (hoje em 52,00%, contra 75,00% no terceiro trimestre de 2022).
Apesar da forte alta no ano, o Inter continua a negociar a 1,4x seu patrimônio líquido (PL) atual, e pode chegar a um múltiplo de 1x PL em 2025, mesmo múltiplo estimado de Itaú (ITUB4).
Inter entrega um “excelente crescimento e um rápido avanço no ROAE”, por ter saído de um valor negativo no terceiro trimestre para 5,70% no terceiro trimestre.